Os últimos dias registraram uma interessante mudança na comunicação do governo federal: as entrevistas diárias do presidente Lula. Essas falas geraram uma série de manchetes sobre temas variados e foram promovidas por opositores, atores da imprensa, setores especializados e antibolsonaristas.
Dentre as falas de Lula, nenhuma repercutiu tanto quanto o confronto com Campos Neto. Para além da análise do impacto econômico das declarações de Lula, as falas exercem nas redes sociais a função de pautar o debate. Assim, ao tecer críticas públicas contra o BC e RCN, Lula dá indícios de que reencontrou um flanco que o permita pautar, ao menos nas redes sociais, o debate político.
Nesse embate, o confronto público contra o “mercado”, BC e Campos Neto a partir de uma perspectiva de “defesa dos pobres” foi questionada, principalmente por recentes medidas que resultaram no aumento de impostos por parte do governo federal. Por outro lado, a abordagem que foca em críticas ao BC e Campos Neto por meio do que atores governistas consideram um “ataque especulativo” ganha força por meio da interpretação do presidente do BC como um ator bolsonarista. Soma-se a isso o fato de Campos Neto não registrar nenhuma defesa de peso por parte da oposição, que por sua vez prioriza a “denúncia” do “caos econômico” no país.
Assim, o governo Lula encerra essa semana com uma notícias potencialmente positiva, que é a compreensão e retomada (ao menos temporária) da capacidade de pautar o debate político nas redes sociais. Ao mesmo tempo, o sinal amarelo também se acende a partir da perspectiva de que a pecha de “governo que taxa os mais pobres” – pautado principalmente pela taxação de compras internacionais – reverbera para além da polarização e mina a imagem de Lula, diversos ministros e uma das principais bandeiras propostas por este governo.
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