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Alvo de uma campanha de ódio da extrema direita global com base em falsas alegações sobre seu gênero, a boxeadora argelina Imane Khelif venceu nas quartas de final e garantiu ao menos a medalha de bronze no peso-meio-médio feminino (até 66 kg).

Ela venceu a húngara Anna Luca Hamori, que havia postado em seu perfil no Instagram uma montagem retratando a adversária como um monstro com corpo masculino. Com uma performance dominante, Imane venceu a luta por decisão unânime dos juízes.

Após o anúncio da vitória, ela caiu no choro e foi acolhida por seus treinadores.

A boxeadora virou o centro de ataques dos extremistas após vencer em apenas 46 segundos a italiana Angela Carini. Após ser atingida por ao menos dois golpes potentes, ela desistiu por sentir fortes dores no nariz.

Extrema direita repercute acusação falsa de entidade banida

O ataque da húngara repercutiu as falsas alegações de extremistas de direita, de que Imane seria um homem competindo entre mulheres. No Brasil, o discurso ganhou tração e foi reproduzido, entre outros nomes, pelo senador Flávio Bolsonaro (PL).

A campanha contra a argelina começou depois de que foi divulgado que ela havia falhado em um teste de gênero pela Associação Internacional de Boxe (IBA) –entidade descredenciada pelo COI (Comitê Olímpico Internacional).

A IBA nunca apresentou o resultado do suposto teste e a argelina foi aprovada em todos os critérios estabelecidos pelo COI, responsável por organizar a competição olímpica de boxe.

Nas redes sociais, a delegação da Argélia informou que Imane Khelif tem hiperandrogenismo, condição médica caracterizada por níveis excessivamente altos de andrógenos ou hormônios masculinos, o que teria levado à sua desclassificação do Mundial de Boxe. “Desde esse episódio, Imane está em tratamento e as coisas voltaram ao normal desde que foi autorizada pelo COI a participar dos Jogos Olímpicos de 2024”, destacou a delegação.

O presidente do COI, Thomas Bach, defendeu a lutadora da campanha de difamação que vem sofrendo.

“Vamos ser bem claros: estamos falando sobre boxe feminino”, disse ele. “Nós temos duas boxeadoras que nasceram como mulheres, foram criadas como mulheres, que tem passaportes como mulheres e que competem há muitos anos como mulheres. E essa é a perfeita definição de ser mulher. Nunca houve nenhuma dúvida sobre [Imane] ser uma mulher”

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