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2024 deve ser o ano mais quente já registrado no Brasil, diz Inmet

Temperatura média, excluindo dezembro, foi de 24,94 °C
01/01/2025 | 01h00

Por Lucas Lacerda

(Folhapress) — A média de temperatura de janeiro a novembro no Brasil indica que 2024 caminha para ser o ano mais quente já registrado no país.

Dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) apontam que a temperatura média de 2024, excluindo dezembro — cujos dados ainda não foram computados –, foi de 24,94 °C, com uma anomalia (desvio da média) de 0,83 °C, a maior para o período desde 1961, ponto de partida da série histórica do instituto.

Já 2023, até o momento o ano mais quente do país nos registros do Inmet, fica abaixo nos dois indicadores.

A média daquele ano para o mesmo período (janeiro a novembro) foi de 24,78 °C, com desvio de 0,67 °C.

E mesmo a média para o ano completo de 2023 ainda fica 0,02 °C abaixo do registrado até o momento em 2024. Depois de 2023, que ainda lidera o ranking de anos mais quentes, estão 2015 (com temperatura média de 24,89 °C), 2019 (24,83 °C), 2016 (24,66 °C) e 1998 (24,6 °C).

“Ou seja, 2024 caminha para ser o ano mais quente no Brasil”, conclui, em nota, o instituto.

Já era esperado que 2024 estivesse entre os anos de calor recorde, situação que pode ser explicada, por exemplo, pela combinação de oceanos e continentes mais quentes, em razão das mudanças climáticas e pelos efeitos do El Niño.

Um possível refresco com o La Niña, caracterizado pelo resfriamento da superfície do oceano nas porções central e oriental do Pacífico Equatorial, fica cada vez mais fraco e distante, segundo previsões da OMM (Organização Meteorológica Mundial), agência ligada à ONU (Organização das Nações Unidas).

No Brasil, geralmente o La Niña muda a distribuição de chuvas, com precipitação maior nas regiões Norte e Nordeste e menor no Sul e Centro-Oeste. As temperaturas costumam ficar mais baixas no país.

No cenário mundial, já é dado por certo que 2024 será o ano mais quente da história da humanidade, segundo o observatório Copernicus, da União Europeia.

Com a confirmação de que novembro foi mais um mês com temperaturas escaldantes, os cientistas do órgão calcularam ser impossível que 2024 não supere a marca anterior, que é de 2023.

Os pesquisadores europeus apontam que a marca será a maior dos últimos 125 mil anos. A conclusão inclui a análise de vestígios do ambiente pré-histórico, necessária para saber as temperaturas da Terra muito antes da existência dos termômetros.

2024 supera 1,5 °C de aquecimento da Terra

Prestes a ser confirmado como o ano mais quente da história da humanidade, 2024 será também o primeiro a terminar com média de temperatura acima de 1,5 °C em relação aos níveis pré-industriais.

2024 supera 1,5 °C de aquecimento da Terra. (Foto: Reuters)

Esse limite é considerado pelos cientistas como o teto para impedir as piores consequências do aquecimento global, como o desaparecimento de países insulares, sendo também o valor preferencial pactuado pela comunidade internacional no Acordo de Paris, de 2015.

O resultado escaldante registrado em 2024 significa então que o planeta já rompeu definitivamente a barreira de 1,5 °C e as metas do acordo?

Segundo o observatório Copernicus, da União Europeia, ainda não. Para considerar que o limite foi definitivamente violado, seriam necessários vários anos com os termômetros acima desse patamar.
Muitos cientistas, contudo, afirmam abertamente que já não se pode limitar o aquecimento do planeta a esses níveis.

“É mais do que óbvio que segurar o aquecimento em 1,5 °C já não é mais possível”, afirma à Folha de S. Paulo o físico Paulo Artaxo, professor da USP (Universidade de São Paulo) e membro do IPCC (painel de especialistas do clima da ONU).

“Com muito esforço, particularmente dos países desenvolvidos e dos países produtores de petróleo, nós podemos limitar o aquecimento a uma média global de 2 °C, o que seria altamente desejável”, avalia ele, chamando a atenção para a importância da próxima conferência do clima da ONU, a COP30, que acontecerá em Belém, no Brasil, em novembro de 2025.

Para conseguirmos isso, diz, a COP30 tem de colocar a agenda de mitigação de emissões de gases de efeito estufa em primeiro lugar. “A diplomacia brasileira vai ter que trabalhar muito nessa direção”, opina.

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