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PMs são afastados por mortes de jovens e agressões em velório em Bauru

Outro agente já havia sido afastado pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo
01/11/2024 | 20h35

Por Eduarda Esteves

(UOL/Folhapress) — Mais três policiais militares foram afastados por envolvimento nas mortes de dois jovens na comunidade Jardim Vitória e pela agressão a familiares dos mortos durante o velório em Bauru, no interior de São Paulo.

Quatro agentes já foram afastados. Afastamento dos três PMs foi anunciado na quinta-feira (31), pela SSP (Secretaria de Segurança Pública) de São Paulo. Outro policial militar já havia sido retirado das funções no dia 22 de outubro, conforme informou o governo paulista.

“A Polícia Militar esclarece que dois policiais envolvidos na ação do velório foram afastados das atividades operacionais, além de outros dois em decorrência das mortes em confronto”, diz nota enviada à reportagem.

Policiais entraram no velório e agrediram familiares ao lado do caixão. O caso ocorreu no dia 18 de outubro, um dia após a morte de Guilherme Alves Marques de Oliveira e Luis Silvestre da Silva Neto na comunidade Jardim Vitória. Em entrevista ao UOL, a auxiliar de cozinha Nilceia Alves contou que ela e o filho mais velho foram agredidos por PMs enquanto velavam o corpo de Guilherme.

Guilherme Oliveira (Foto: Reprodução)

Vídeos gravados por parentes mostram que as agressões ocorreram ao lado do caixão. Ao menos cinco PMs entraram no velório e, segundo a família, a confusão começou porque uma viatura da PM parou em frente ao cemitério assim que o corpo de Guilherme chegou ao local. “Um policial começou a dar risada, falando que o sistema tinha vencido. Aí, as pessoas se revoltaram e começaram a bater boca. E eles ameaçaram invadir o local, e fizeram”, disse Nilceia.

O ouvidor das polícias, Claudio Silva, pediu apuração rigorosa da Corregedoria da Polícia Militar. “Flagrante atos de violência contra os presentes, incluindo a mãe de um dos jovens ali velados. Imediatamente determinamos a abertura de procedimento para solicitar a Corregedoria da PM apuração rigorosa de todo o caso, desde a morte dos dois jovens até a injustificável cena verificada no velório”, diz nota enviada à reportagem.

“É importante registrar que, desde o episódio das operações na Baixada Santista, familiares das vítimas tem denunciado a presença hostil de policiais em velórios, em total desrespeito ao luto das famílias, que se sentem intimidadas pela ostensiva presença da PM nestas ocasiões. Percepção que merece atenção, atitude que não pode virar padrão.”

Mãe diz que filho morto por PM era inocente

Dois jovens foram mortos durante uma operação da PM no dia 17 de outubro. A Polícia Militar esclareceu que a dupla foi baleada em confronto e que armas e drogas teriam sido encontradas com eles. O UOL não conseguiu contato com familiares de Luis Silvestre da Silva Neto.

Segundo a pasta, houve a intervenção e os suspeitos foram atingidos. O resgate foi acionado e constatou os óbitos no local. “Com eles, foram localizadas porções de entorpecentes, que foram apreendidas, assim como as armas que eles usavam”, segundo resposta do governo paulista.

Intervenção policial. O caso foi registrado como morte decorrente de intervenção policial, tráfico de drogas, associação para o tráfico, localização/apreensão de objeto e tentativa de homicídio pela Delegacia Seccional de Bauru.

Nilceia nega que Guilherme tivesse envolvimento com o tráfico de drogas. A auxiliar lembra que o filho completou 18 anos no dia 27 de setembro e trabalhava com conserto de celular. “Não existe nada disso do que eles estão falando. O Guilherme era um menino de 1,40 m, pesando 40 kg. Nunca foi envolvido com coisa errada, nunca passou no Conselho Tutelar, nunca colocou uma mão em uma arma. O Guilherme não sabia descascar uma laranja”, contou.

 

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