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Pelo 3º dia, concessionária privatizada mantém 37 bairros sem água no calor extremo do RJ

Deputado ajuizou ação popular contra Águas do Rio, Agenersa, Cedae e governo do estado
18/02/2025 | 06h51
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Enquanto a temperatura máxima registrada nesta segunda-feira (17) no Rio de Janeiro foi de 44 °C, a mais alta registrada pelo Sistema Alerta Rio em onze anos, 37 bairros da Zona Norte estão sem uma gota d’água. Isso acontece porque a concessionária Águas do Rio faz um reparo na adutora de Benfica e interrompeu o fornecimento no domingo (16). O ICL Notícias procurou a empresa para saber qual a natureza do problema que levou à paralisação, mas não obteve resposta.

Em comunicado, a Águas do Rio informa que o “fornecimento de água tratada em bairros da região foi suspenso na tarde de domingo”. Mas nas redes sociais e em depoimentos ao portal, moradores garantem que estão sem água desde sábado (15).

A empresa assumiu a distribuição de água à capital após a privatização de parte da Cedae promovida pelo governador Cláudio Castro.

A informação da Águas do Rio é que o reparo seria concluído no fim desta segunda-feira (17). Neste tipo de situação, no entanto, o abastecimento costuma ficar normalizado somente 72 horas após o fim da obra.

Por conta desta situação, o deputado Pedro Paulo (PSD-RJj) ajuizou na noite desta segunda uma ação popular contra a Águas do Rio, Agenersa, Cedae e governo do estado.

Reparo na adutora de Benfica deixa 37 bairros do RJ sem água

“É um absurdo deixar a população de mais de 30 bairros do Rio de Janeiro sem abastecimento de água em meio a essa onda de calor, justo no dia em que o Rio atingiu o NC4 — o segundo maior nível do Protocolo de Enfrentamento ao Calor Extremo”, explicou ele, nas redes sociais.

Na ação, o deputado exige que o fornecimento seja feito “dentro de 24 horas — no máximo —, por carros-pipa ou outros meios para o acesso de água”. Foi pedida a condenação dos quatro réus no ressarcimento dos danos, materiais e morais, suportados pela população afetada. Isso se daria por meio de desconto em conta de água futura e indenização.

Um dos bairros atingidos pela paralisação no abastecimento é o Cachambi. Ali, na rua Tenente França, moradores do prédio número 266 estão desolados por enfrentar o calor recorde sem água, e relatam que os motivos de reclamação contra a Águas do Rio vêm desde muito antes. No imóvel, segundo eles, o fluxo da rua ficou repentinamente sem pressão para subir até à caixa d’água. Isso foi em novembro e desde então, a seca persiste.

A filha de dona Maria José (foto), de 85 anos e que sofre de Alzheimer, não consegue fazer a higiene adequada da mãe, em dias de recorde de calor, por causa da falta d’água.

Dona Maria José é vítima da falta d’água

O mais dramático é que em um dos apartamentos reside a sra. Maria José, de 85 anos, que sofre de Alzheimer e vive acamada. Para dar conta da higiene da idosa, a filha, Alexandra, aciona a empresa pedindo carros pipa, já que por causa da doença sua mãe deve receber tratamento preferencial. No entanto, desde quinta-feira (13), quando foi feito o último pedido, o prédio está sem água.

Com o corte no fornecimento, por causa da obra na adutora, a situação ficou desesperadora.

“O meu caso é de desespero puro. Ontem consegui dois baldes de água para o dia inteiro e agora, nesse calor, não tenho nem meio balde de água”, diz Alexandra. “Minha mãe adoentada está fazendo higiene à base de lenço umedecido”.

Além de outros moradores, também a Igreja de Santo Antonio, que fica na mesma rua, está sem água.

Nas redes sociais também se pode verificar que a empresa tem muitos desafetos.

O grupo de Facebook “Prejudicados pelo Águas do Rio” tem 3.100 integrantes. Naquele espaço, as reclamações são em tom exaltado.

“Empresa do inferno… Governador é omisso e covarde com essa situação”, escreveu Valéria Alves.

Um participante do grupo chamado Carlos Eduardo, questiona: “Por que quando era CEDAE não faltava água direto?! Alguém sabe explicar agora toda semana é manutenção?”.

O Nível de Calor 4 ocorre quando os índices ficam entre 40 °C e 44 °C por pelo menos três dias consecutivos, com uma previsão de aumento da intensidade. Caso atinja, essa seria a primeira vez que o Rio alcançaria o NC4.

E isso acontece justamente quando 37 bairros da Zona Norte estão na seca.

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