Do total de 61 empresas participantes de um projeto-piloto no Reino Unido para semana de trabalho de quatro dias, 18 disseram que manteriam essa jornada desse modo por conta dos benefícios alcançados. Outras 38 afirmaram que continuariam o teste, que durou seis meses. Segundo reportagem publicada no Financial Times, os organizadores do projeto querem fazer da semana de trabalho de quatro dias o novo padrão do mercado, com base em um modelo de cem por cento do salário para 80% do tempo de trabalho, em troca de um compromisso de entrega total da produção esperada.
No Brasil, embora o governo tenha anunciado algumas mudanças, como um grupo de trabalho formado com centrais sindicais para discutir a nova política salarial, ainda não há no horizonte iniciativas para redução da jornada semanal.
Iniciado no segundo semestre do ano passado no Reino Unido, o projeto-piloto da jornada semanal de quatro dias foi organizado pela organização ativista 4 Day Week Global, pelo instituto de pesquisa Autonomy e por pesquisadores do Boston College e das universidades de Cambridge e Oxford.
As empresas que se inscreveram no projeto-piloto pertenciam a grupos de educação, consultorias, bancos, companhias de tecnologia, recursos humanos e redes de varejo, que empregam quase três mil trabalhadores. Todas adotaram diversas abordagens para a semana de trabalho de quatro dias, incluindo a oferta de folga na sexta-feira ao seu pessoal, enquanto outros deixaram que seu pessoal trabalhasse 80% das horas de trabalho do regime padrão, distribuídas de modo flexível.
A receita das empresas participantes aumentou, em média, mais de um terço durante o período do teste, em comparação com a mesma base de 2021. O número de funcionários que se demitiu diminuiu significativamente.
Semana de trabalho de 4 dias teve bons resultados em diferentes tipos de organização
A diretora do estudo, professora Juliet Schor, do Boston College, afirmou que “os resultados são em geral firmes em locais de trabalho de tamanho diferente, o que demonstra que essa é uma inovação que funciona para muitos tipos de organizações”.
Muitas empresas no Reino Unido adotaram maior flexibilidade para o seu pessoal desde a pandemia de Covid-19, com base em uma combinação de trabalho remoto e no escritório, embora algumas estejam começando a retornar ao sistema que empregavam antes da crise sanitária.
Os céticos quanto ao teste da jornada semanal reduzida argumentam que projetos-piloto como esse atraem trabalhadores predispostos a preferir a jornada mais curta, o que reduz a probabilidade de demissões voluntárias na empresa. Além disso, há preocupações de que os ganhos de produtividade possam diminuir quando os arranjos de trabalho revistos forem adotados permanentemente.
O teste organizado pela 4 Day Week Global constatou que jornadas de trabalho mais curtas melhoravam o bem-estar dos empregados, e que 40% dos trabalhadores afirmavam que se sentiam menos estressados. Ainda, mais de 70% deles avaliavam que seu nível de burnout (esgotamento) tinha diminuído. Os empregados também afirmaram que era mais fácil equilibrar o trabalho e os compromissos familiares e sociais.
Os pesquisadores encontraram pouca diferença nos resultados entre diferentes setores empresariais. Inicialmente, 70 empresas se inscreveram no teste organizado pela 4 Day Week Global. Nove decidiram não participar por falta de preparação, dificuldades na medição do desempenho e preocupações de que os trabalhadores não conseguiriam os resultados esperados.
Redação ICL Economia
Com informações da Folha de S.Paulo
Fonte: Financial Times
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