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Número recorde: 918 trabalhadores em situação de escravidão foram resgatados só em 2023

O número é recorde para um 1º trimestre em 15 anos, sendo superado apenas pelo total de 2008, quando 1.456 pessoas foram resgatadas pelo Ministério do Trabalho. Goiás e Rio Grande do Sul foram os estados como maior volume de trabalhadores
22/03/2023 | 21h28

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) resgatou 918 trabalhadores em situação de escravidão entre janeiro e 20 de março de 2023, uma alta de 124% em relação ao volume dos primeiros três meses de 2022. O número de trabalho análogo a escravidão é recorde para um 1º trimestre em 15 anos, sendo superado apenas pelo total de 2008, quando 1.456 pessoas foram resgatadas. Goiás e Rio Grande do Sul foram os estados como maior volume de trabalhadores em situação análoga à de escravidão.

Os dados são do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e da Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo (Detrae), publicados na reportagem do G1.

As operações de resgate em todo o país são realizadas por grupos formados por instituições como o Ministério do Trabalho e Emprego, o Ministério Público do Trabalho, o Ministério Público Federal, a Polícia Rodoviária Federal, a Polícia Federal, a Defensoria Pública da União, entre outras.

Cobrança de aluguel de barracos usados como alojamentos, o não fornecimento de alimentação e cobrança pelo uso de ferramentas de trabalho são algumas das irregularidades encontradas pela fiscalização.

Em situação de escravidão, trabalhadores ainda eram submetidos a choques elétricos, tiros de bala de borracha e espancamentos

Só no Rio Grande do Sul, 293 pessoas foram resgatadas até o dia 20 de março. Em fevereiro, durante a safra da uva, 207 trabalhadores foram encontrados em situações degradantes de trabalho em fazendas do município de Bento Gonçalves. Eles foram contratados pela empresa Fênix Serviços Administrativos e Apoio à Gestão de Saúde LTDA, que prestava serviços a três grandes vinícolas da região: Aurora, Cooperativa Garibaldi e Salton.

Chamaram a atenção as agressões cometidas contra os trabalhadores: espancamentos, choques elétricos, tiros de bala de borracha e ataques com spray de pimenta, além de jornadas exaustivas de trabalho.

O responsável pela Fênix, o empresário Pedro Augusto de Oliveira Santana, também está por trás de uma outra empresa que, em 2021, foi alvo de uma queixa pelo mesmo crime feita à Justiça do Trabalho.

Duas semanas depois deste caso na colheita da uva, uma outra operação do MTE conseguiu resgatar 82 pessoas em situação semelhante à escravidão em duas fazendas de arroz, no interior do município de Uruguaiana, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. Os trabalhadores tinham que arcar com comida e ferramentas de trabalho, sob a ameaça de remuneração descontada. Um dos homens resgatados chegou a sofrer um acidente com um facão e ficou sem movimentos de dois dedos do pé.

Redação ICL Economia
Com informações do G1

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