Por Luiz Almeida
Única oposição na cidade de Embu das Artes, em São Paulo, o vereador Abidan Henrique da Silva (PSB) tem sido incansável na fiscalização dos recursos municipais. Porém, nesta quarta-feira (28), a Câmara Municipal vota pedido de cassação do parlamentar por uma alegada “quebra de decoro”.
Crítico da administração do prefeito Ney Santos (Republicanos) — mesmo partido do governador Tarcísio de Freitas —, o vereador Abidan será julgado após duas denúncias sobre a utilização de verbas públicas na contratação de shows na cidade. Segundo ele, os recursos foram retirados das secretarias de Saúde e Segurança. O parlamentar denuncia perseguição política.
“É uma forma de retaliação, de se vingar, pelas denúncias que fiz sobre uso de verbas para a contratação dos shows. É uma maneira de massacrar a oposição”, avalia o vereador.
Abidan dá como certa a cassação do mandato. Isso porque a Câmara Municipal tem 17 vereadores e a “ampla maioria” é governista. O parlamentar, no entanto, já avisa que vai recorrer da decisão.
“Se me cassar, na quinta-feira (29), já entro com uma ação anulatória para derrubar a decisão na Justiça. Esse processo de cassação não para de pé. Estão me cassando por uma metáfora que cometi em uma sessão na Câmara em usei a expressão ‘quando o navio afunda, os ratos são os primeiros a abandonar o barco’”, afirma Abidan.
Primeira ação do vereador Abidan
Em outubro de 2023, o vereador denunciou gastos de quase R$ 2 milhões para a realização do Embu Country Fest, que teve apresentações de Wesley Safadão, Leonardo e Jorge e Mateus.
“Na época, 100 médicos estavam com os salários atrasados e o prefeito decidiu fazer o festival. Levei a pauta para debater na Câmara, mas todos os vereadores decidiram deixar a sessão. Iniciei transmissão nas redes sociais e usei a metáfora”, recorda.
Devidos as falas de Abidan, a Comissão de Ética da Câmara Municipal decidiu abrir o processo por quebra de decoro parlamentar. Em relatório com rápida tramitação na Casa, votou a favor da cassação do vereador.
Segunda ação
Na semana do Carnaval, ele questionou novamente a Prefeitura de Embu das Artes. O vereador Abidan entrou com uma ação contra a realização de um show de Léo Santana para a festa de aniversário do município, no dia 18 de fevereiro.
“A cidade estava em estado de calamidade pública por causa das chuvas e não tinha orçamento para o combate a enchentes. Ganhei na Justiça, mas um desembargador votou pelo show”, lamenta.
Histórico de lutas
Filho de uma empregada doméstica e um marceneiro, o vereador Abidan Henrique tem 26 anos e cresceu na periferia da zona sul de São Paulo. Estudou em escola pública até ganhar uma bolsa para estudar em um colégio particular.
O vereador também foi contemplado com um curso de verão de inglês na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e se graduou em Engenharia Civil na Escola Politécnica da USP.
Em 2020, foi eleito o segundo mais jovem vereador de Embu das Artes — tinha 23 anos. Na Câmara, Abidan sempre manteve postura combativa e, segundo ele, as críticas têm causado desconforto na Casa.
“Infelizmente, o que acontece comigo tem acontecido com frequência com diversos outros oposicionistas. O elemento da perseguição política está montado, mas todos nas ruas de Embu percebem que estou fiscalizando e cobrando que o dinheiro seja investido na cidade e não em shows”, completa.
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