Por Berenice Seara — Tempo Real RJ
O ex-ministro da Justiça e hoje ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, resistiram a todas as pressões contra a nomeação do delegado Leandro Almada na Superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro.
Almada foi fundamental na prisão, neste domingo (24), dos irmãos Brazão (o deputado federal Chiquinho e o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Domingos), sob a acusação de mandarem matar a vereadora Marielle Franco, em março de 2018. As investigações sobre a morte de Marielle só começaram a andar depois que o delegado assumiu a superintendência, em janeiro de 2023 — até porque as raízes do assassinato estavam enterradas na própria Polícia Civil do Rio. Também foi preso neste domingo o delegado Rivaldo Barbosa — que assumira a chefia de polícia na véspera da execução de Marielle e teria garantido a Domingos Brazão que as investigações sobre o caso não seriam concluídas.
Não foram poucas as pressões contra Almada. Antes mesmo da nomeação, políticos que ocupam cargos poderosos no Estado do Rio recorreram até ao presidente Lula (PT) para tentar demover o governo federal da ideia. Lula e Dino sempre responderam que o delegado era uma escolha do próprio diretor-geral.
O superintendente é temido por conhecer os caminhos da corrupção na política e na polícia do Rio. Reservado, é conhecido por manter apenas conversas institucionais com políticos — nada de almoços e festinhas com parlamentares ou com a turma da administração pública.
“A superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro continuará priorizando o combate ao desvio de recursos públicos, identificando e responsabilizando agentes políticos que traem a confiança dos eleitores e utilizam o poder temporário conseguido nas urnas para enriquecimento e fortalecimento de grupos criminosos”, disse o homem, na posse que resistiu a todos os bombardeios.
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