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Internacional

Argentina: Justiça condena 10 ex-agentes à prisão perpétua por crimes na ditadura

Foram revelados no processo mais de 400 crimes cometidos em três centros clandestinos de Buenos Aires
27/03/2024 | 12h21

A Justiça argentina condenou, na última terça-feira (26), dez ex-agentes da última ditadura no país à prisão perpétua por crimes de lesa-humanidade. Foram revelados, no processo, mais de 400 crimes cometidos em três centros clandestinos de Buenos Aires.

O julgamento foi iniciado em 2020. Durante o processo, foram ouvidos, em depoimentos, testemunhas e sobreviventes. A informação é da agência France Presse.

Segundo o tribunal federal de La Plata, responsável pelo processo, ficaram provados crimes de sequestro, desaparecimento forçado de perseguidos políticos, homicídio, tortura, estupro, roubo de crianças e abortos forçados.

A maioria dos condenados cumpre prisão domiciliar. A corte ordenou perícias médicas para decidir se vai enviá-los para prisões.

Golpe na Argentina

As condenações ocorreram dois dias após o aniversário do golpe de Estado de 24 de março de 1976. O regime vigorou até 1983.

Marchas espalhadas por todo o país relembraram o período, sob o lema “memória, verdade e justiça”.

Na data em que tradicionalmente os argentinos se acostumaram a lembrar as vítimas do terrorismo de Estado, o governo de Javier Milei não realizou qualquer ato oficial.

Manifestantes protestam durante julgamento histórico que condenou dez militares à prisão perpétua

Manifestantes protestam durante julgamento histórico na Argentina que condenou dez militares à prisão perpétua. Foto: Reprodução

Centros clandestinos

O julgamento revelou fatos que ocorreram em centros clandestinos de detenção conhecidos como Poço de Banfield, Poço de Quilmes e Brigada de Lanús, este último chamado de “inferno” pelos crimes cometidos ali contra perseguidos políticos.

Miguel Etchecolatz, ex-diretor da polícia da província de Buenos Aires, supervisionava três desses centros clandestinos. Ele faleceu na prisão aos 93 anos em julho de 2022, enquanto cumpria nove condenações de prisão perpétua.

No processo, entre os 12 que foram julgados, dez foram condenados à prisão perpétua, um a pena de 25 anos de prisão e um foi absolvido.

Avós da Praça de Maio

A Avós de Praça de Maio, organização que busca bebês sequestrados durante o cativeiro de suas mães e entregues a outras famílias, foi parte do processo, junto com sete netos restituídos.

Até hoje, o trabalho das Avós permitiu restituir a identidade de 133 netos dos 400 que a organização estima que foram sequestradas durante o cativeiro de suas mães.

Condenados

A Justiça condenou à prisão perpétua Federico Antonio Minicucci, Guillermo Matheu, Carlos Romero Pavón, Roberto Balmaceda, Gustavo Fontana, Jaime Lamont Smart, Jorge Héctor Di Pasquale, Juan Miguel Wolk, Horacio Luis Castillo e o médico policial Jorge Antonio Bergés.

O ex-policial Alberto Julio Candiotti recebeu uma condenação a 25 anos de prisão e seu amigo Augusto Barré foi absolvido.

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