A Justiça do Rio adiou para 25 de abril o julgamento do bicheiro José Caruzzo Escafura, o Piruinha, de 94 anos. O contraventor, que passou a ser conhecido nacionalmente na série documental “Vale o Escrito“, do Globoplay, é acusado de matar o comerciante de carros Natalino José do Nascimento Espínola, o Neto, em julho de 2021, em Vila Valqueire, na zona oeste carioca.
Piruinha seria julgado nesta terça-feira (9) pelo 3º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro. O contraventor participaria por videoconferência da própria casa, onde cumpre prisão domiciliar. Ele está preso há dois anos.
Segundo os promotores, não houve tempo hábil para analisar os novos processos e, portanto, o adiamento. Eles também acrescentaram que os réus não estavam presentes no julgamento.
Na sessão, a Justiça decidiu pela soltura do PM Jeckson Lima Pereira. Após perícia técnica, foi constatado que o carro do crime não seria o usado pelo pai do policial, como afirmava a investigação.
Justiça
Segundo as investigações, a mando do bicheiro, o PM Jeckson Lima Pereira, então seu segurança, executou Neto. O MP aponta que a execução seria uma forma de punição pelo fato de não ter quitado uma dívida.
A família de Piruinha teria sofrido prejuízos milionários com o empreendimento de Neto em uma construtora. A filha do bicheiro, Monalliza Neves Escafura, passou a buscar o ressarcimento dos prejuízos. Ela é considerada foragida.
Segundo o MP, Piruinha “exerce, há décadas, o domínio do jogo do bicho em diversas regiões da cidade. Ainda arrenda outras áreas para exploração de jogos de azar para outros contraventores”.
Piruinha ganhou prisão domiciliar após cair na cadeia
No fim de 2023, Piruinha sofreu uma queda no banheiro do presídio e, desde então, está preso com medidas cautelares em sua casa, devido a problemas de saúde.
Antes de ingressar no jogo do bicho, Escafura foi motorista de lotação, na década de 1950. Depois, passou a gerenciar as bancas da região da Piedade, Abolição e Inhaúma, região onde exerceu bastante influência no auge do jogo — e onde mora até hoje.
Nos anos 70, Piruinha controlava o jogo nas regiões de Madureira, Cascadura, Abolição, Piedade, Inhaúma e Maria da Graça. Foi um dos 14 bicheiros presos e condenados pela juíza aposentada Denise Frossard, em 1993, por formação de quadrilha. Piruinha e os outros bicheiros receberam a pena máxima de seis anos de detenção. Quase cinco anos depois, todos já estavam soltos.
Por não ser ligado a nenhuma escola de samba, nunca teve a mesma visibilidade, mas nem por isso era considerado menos violento. Explorava outras atividades além do jogo, como motéis em bairros da Zona Oeste.
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