Voltei! Que saudade da coluna e desse encontro semanal que a gente tem por aqui. Depois de um pequeno sabático, cá estou!
Não sei como foi para vocês, mas pra mim, o começo do ano foi pesado pessoal e profissionalmente pelo mesmo motivo: lidar com o constante desafio de ser mulher no mundo contemporâneo.
Semana passada, no ICL Notícias Primeira Edição, ao ler a notícia do UOL sobre o que disse Clayton Florêncio dos Santos, um dos “parças” que estavam com Robinho na noite do estupro, eu literalmente quase fechei o computador e fui embora. “Participamos de uma orgia com a consciência de todo mundo.”
Essa foi a tentativa de justificar o injustificável e ainda descredibilizar a vítima do crime de estupro coletivo que levou Robinho à prisão.
Esse desejo quase incontrolável de “levantar e ir embora” é a vontade de desistir que Eduardo Moreira comentou ontem no N1. É tanta porrada todos os dias que às vezes a gente cansa, e para nós, mulheres, 2024 não deu trégua: Daniel Alves solto com o vale estupro de 5 milhões de reais; Marielle Franco morta a mando de parlamentar com plano orquestrado por um delegado “amigo”; a justiça mantém censura à reportagem da Pública que trazia novas revelações da ex-esposa do presidente da câmara Arthur Lira.
Jullyene Lins contou sobre um episódio de estupro que teria acontecido no final do casamento. Isso sem contar a imensa maioria de mulheres anônimas vítimas de crimes todos os dias. Em Goiânia–GO, no mês passado, um homem foi filmado estuprando e matando uma mulher. Depois do crime ele carregou o corpo nas costas e descartou na rua como se fosse lixo. O homem disse à polícia que estava “a fim de fazer maldade”.
A maldade também está entranhada no assédio moral disfarçado de simpatia no ambiente de trabalho, e nesse — que é quase invisível porque não deixa provas —, se a gente não reage, morremos um pouco todo dia.
Dados do IBGE com informações da ONU apontam que as mulheres brasileiras ocupam apenas 18% dos espaços no legislativo do nosso país. Estamos atrás de nações como a Arábia Saudita e Rússia no ranking de representatividade feminina nos parlamentos dos países do G20.
Não é uma ironia que as mulheres ainda sejam tratadas como emocionadas, loucas, estressadas e descompensadas quando apontam suas opiniões. Sem contar a tentativa de “enquadramento” dos gestores no ambiente de trabalho e em casa também.
Tema da coluna de hoje: “Você não precisa dizer que eu sou uma mulher forte”, seu banana, aliás essa afirmação já caiu em desuso há um bom tempo, tá? Fica quietinho, vai!
E para finalizar, um pedido. Escrevam nos comentários sobre o que VOCÊS querem falar. Esse espaço é nosso. Vamos seguir juntos nessa jornada e fazer desse cantinho, um espaço de liberdade?
Um beijo gigante e boa semana.
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