Por Heloisa Villela
A sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Alagoas passou por uma lavagem nesta terça-feira (16).
Representantes da Frente Nacional de Luta (FNL) usaram a faxina para comemorar a exoneração do superintende Wilson César de Lira, primo do presidente da câmara dos deputados, Arthur Lira (PP-AL).
“Não temos crise alguma com o presidente Arthur Lira, mas era urgente”, disse ao ICL Notícias o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira. Ele também destacou que César, o primo, era o único superintendente do governo Bolsonaro que ainda estava no cargo.
Wilson César de Lira tomou posse na superintendência do Incra ainda no governo de Michel Temer. E não acatava as recomendações dos superiores.
O ministério, em Brasília, recomendou que ele retomasse o diálogo com os movimentos sociais que lutam pela implementação da reforma agrária como exige a Constituição.
“Ele não retomou o diálogo e ainda redobou a aposta”, disse o ministro. Durante a CPI do MST na Câmara, que tentou criminalizar o movimento social, César de Lira levou parlamentares bolsonaristas a assentamentos de agricultores e colaborou com a iniciativa dos direitistas.
Além do comportamento contrário às orientações do governo no último ano, ele foi acusado, por representantes da FNL, de reverter a desapropriação de uma fazenda para fins de reforma agrária.
O processo de desapropriação foi concluído pelo antecessor e César, segunda a acusação, reverteu o processo e deixou 51 famílias sem terra para cultivar e viver.
Porta-voz do MST em Alagoas, Débora Nunes disse que o estado tem hoje cerca de 100.000 famílias acampadas aguardando serem assentadas.
Segundo Denise, uma única propriedade, a Fazenda de Laginha, em disputa há 10 anos, poderia assentar metade dos sem terra do estado. Mas para ela, a exoneração de César já foi uma vitória.
Sete organizações do movimento social enviaram uma carta o ministro Teixeira exigindo que o primo de Arthur Lira fosse substituído. Teixeira disse que ele sugeriu que deixaria o cargo para concorrer à prefeitura de Maragogi. Mas foi preterido no partido e não será candidato e também não se afastou do Incra.
No domingo, de posse da carta dos movimentos sociais, Teixeira avisou ao presidente da Câmara que o primo dele seria exonerado. Já não era possível esperar mais.
Lira não gostou, mas o ministro ainda sugeriu que ele poderia indicar outro nome, “mas não pode ser alguém que não tenha diálogo com os movimentos sociais e com a agricultura familiar”, afirmou.
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