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Por Marcos Hermanson

(Folhapress) — O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, afirmou em evento paralelo do G20 na tarde desta quarta-feira (1º) que a violência das redes sociais alimenta os conflitos na realidade, e que o ódio ganha novas formas ao longo da história.

Defensor da regulamentação das redes sociais, ele rebateu a vice-presidente de desenvolvimento de políticas de conteúdo da Meta, Nell McCarthy, que argumentou que as tensões políticas e sociais não estão diretamente vinculadas às redes.

“As redes sociais estão sendo colonizadas por extremistas e pelo crime organizado, que precisam dessa falta de regras para prosperar”, disse o ministro. “Não há possibilidade de falar de democracia, soberania, direitos humanos, num mundo que se pauta por esse caos absoluto”.

Almeida citou, ainda, incompatibilidade de valores como soberania, liberdade e direito com o comportamento das empresas de mídia social, e pontuou que discutir o tema é responsabilidade desta geração para com as próximas.

“Não há possibilidade de falar de democracia, soberania, direitos humanos, num mundo que se pauta por esse caos absoluto. Todos estaremos ameaçados se nada for feito. Tem que haver regulação, senão todos nós estaremos ameaçados”, concluiu o membro do governo Lula (PT).

Nell McCarthy, executiva da Meta

Executiva discorda de Silvio Almeida

Em sua fala, McCarthy argumentou que “o ódio e a violência não são novos” ou produto das plataformas de redes sociais, mas “uma faceta das comunidades offline”.

“Não achamos que a abordagem correta é um grupo pequeno de pessoas na Califórnia decidindo o que é certo ou errado ao redor do mundo”, disse ainda a executiva, falando sobre a política de moderação da plataforma.

Ela acrescentou que a Meta busca cultivar um ambiente “onde as pessoas se sintam empoderadas para comunicarem-se”, e ponderou que a empresa tem parceria com agências de checagem.

Em outra mesa do mesmo evento, o deputado Orlando Silva (PC do B-SP), relator do PL das Fake News, afirmou estar pessimista sobre a tramitação do projeto, e disse que “a obstrução de um trabalho é mais fácil que a construção”.

O congressista afirmou que a pressão das big techs foi um fator que dificultou o andamento do texto, e alegou que as plataformas se aliaram com à extrema direita para obstruir a proposta, com sucesso.

“A convicção que alguns têm de que ‘não tem que ter regra’ parte da premissa de que, como está hoje, está bem porque alguns são beneficiados. A dinâmica da polarização política nutre espaço político para muita gente e nenhum tipo de regramento facilita a operação desse tipo de comportamento.”

Orlando também disse que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), é favorável à regulamentação, e que entendeu o ato de zerar o projeto e criar um grupo de trabalho para debater novamente o projeto como uma “tentativa de criar uma alternativa”.

“Até penso que a gente poderia pensar um texto mais objetivo, mais curto, com menos polêmicas. Até o Poder Executivo poderia tomar uma iniciativa. Algo pactuado com a Câmara dos Deputados. Propõe um projeto de lei que tramita na Câmara. Seria uma forma de zerar o jogo, partindo de um patamar mínimo”, concluiu.

 

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