Será mesmo? Eu costumava achar que sim, que era uma questão de “querer”, fantasia minha, né? Mas os analistas dizem que a gente não suportaria a vida sem uma dose de fantasia.
Se mulheres podem mesmo estar onde quiserem, por que apenas 20% dos pré-candidatos nas eleições das capitais brasileiras são mulheres? O levantamento é da Folha. Dos cerca de 172 cotados para concorrer à prefeitura nas capitais dos 26 estados do país, apenas 37 são mulheres.
O Brasil tem duas únicas prefeitas de capitais, Adriana Lopes (PP), em Campo Grande–MS e Cintia Ribeiro (PSDB), prefeita de Palmas–TO. Estamos na contramão. Paris, San Francisco, Los Angeles, Las Vegas, Washington, são todas lideradas por mulheres no Poder Executivo, mulheres brancas e pretas. As duas únicas prefeitas das capitais brasileiras, são brancas.
A pergunta é por quê? A legislação brasileira determina que os partidos lancem pelo menos 30% de candidatas mulheres nas chapas. Ocorre que na mesma proporção dos incentivos por mais diversidade estão as brechas nas regras eleitorais.
Se procurar, você vai encontrar dezenas de casos de fraudes, onde mulheres são usadas apenas para cumprir cotas, em especial na posição de vice-prefeita, são as chamadas candidaturas laranja. Na prática, elas “emprestam” o gênero e não exercem função executiva.
É a regra do jogo há muito tempo. As poucas mulheres na política brasileira são vítimas constante de abusos, assédios, violência, desrespeito, crimes de ódio e até morte.
O resultado disso é que a nossa democracia segue frágil, não apenas pelas constantes tentativas de golpe, mas também porque é construída, em sua maioria, por uma visão prioritariamente masculina.
Assim é também a justiça e a liderança de boa parte das grandes corporações. Quantas mulheres estão na lista das principais fortunas mundiais?
Não precisamos ir tão longe assim. Aí, na empresa onde você trabalha, quantas mulheres estão em posição de liderança? E quantas delas são mulheres pretas por exemplo? Ué, mas o Brasil tem mais mulheres do que homens! De acordo com o IBGE, em 2022, 48,5% dos brasileiros eram homens e 51,5% mulheres.
Eu posso sim estar fantasiando com o meu desejo que nós mulheres tenhamos um dia representatividade real em todas as esferas, mas é ilusão dizer que hoje, lugar de mulher é onde ela quiser.
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