Francisco Lima Neto e Carlos Villela
(Folhapress) — O nível do lago Guaíba, em Porto Alegre, subiu 0,42 m em 24 horas, atingindo 5,20 m na manhã desta terça-feira (14). Com a elevação da cota de inundação e a formação de ondas no lago, o bairro de Lami, no extremo sul da cidade, precisou ser evacuado.
Na dia 5, o Guaíba atingiu o recorde de 5,35 metros. A água havia recuado nos últimos dias, chegando a 4,56 metros no sábado (11). Contudo, a volta das chuvas intensas entre sexta-feira (10) e domingo (12) no Rio Grande do Sul causou novas enchentes na região dos vales, sobrecarregando a já alagada região metropolitana.
As ondas do Guaíba fizeram a enchente avançar também pelo bairro Ipanema, ultrapassando o calçadão da orla e invadindo casas. Na zona norte, bairros como Sarandi, Humaitá e Navegantes foram diretamente afetados, assim como o Centro Histórico, Cidade Baixa, Menino Deus e Praia de Belas na região central.
A previsão é que o Guaíba chegue a 5,40 m nesta terça, maior nível já registrado.
Guaíba: Inundação ocorre quando nível chega a 3 metros
O nível de alerta do lago é 2,5 metros. A inundação ocorre quando o nível chega a 3 m. Os dados são do Sistema Hidro, da ANA (Agência Nacional de Águas), do governo federal.
A cidade de Porto Alegre viu nesta segunda uma corrida contra o tempo para erguer barreiras contra a água e resgatar moradores que ainda estão em áreas de risco.
“Estou preocupado porque se for isso, mesmo com essa barreira, a água vai subir”, diz o comerciante Rafael Farina, morador da rua Duque de Caxias, próximo a uma barricada. Segundo ele, a água cresceu no mínimo cinco dedos, quase cobrindo uma lixeira que usa como ponto de referência.
De casaco grosso, Rafael estava buscando baldes de água na enchente para que seu condomínio pudesse usar para descarga.
População com medo; chuvas dificultam escoamento
Ele teme um novo alagamento de seu local de trabalho, um minimercado na rua vizinha. “A água chegou na segunda prateleira, aí ontem a gente entrou lá e esvaziamos a terceira”, diz.
A capital gaúcha está nas margens do Guaíba, onde desembocam os principais rios que nascem no interior do estado, na área de planalto. Os rios Jacuí, Taquari/Antas, Sinos, Caí e Gravataí voltaram a receber chuvas ao longo de seus leitos, o que ajudou a aumentar o nível do lago.
Especialistas apontam que as chuvas em sequência dificultam o escoamento, e que a cidade ainda pode permanecer por até um mês embaixo d’água. “O quadro de cheias ainda está em andamento e não há sinal de que será revertido nos próximos dias”, disse o professor Rualdo Menegat, do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
A previsão é que as chuvas comecem a diminuir a partir desta terça-feira, de acordo com a Climatempo — porém, devem retornar na sexta (17), e prosseguir pelo fim de semana.
As inundações já causaram 147 mortes e afetam cerca de 2 milhões de pessoas e grande parte das cidades gaúchas.
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