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Bancos regionais nos Estados Unidos voltam a registrar fortes perdas esta semana

A perda nos bancos regionais deve-se à política de taxas de juros alto, após um longo período de juros baixos ou próximos de zero nos EUA, obrigando os bancos a elevarem as taxas que pagam aos clientes para evitar a perda de depósitos
04/05/2023 | 03h30

Segundo a reportagem da France Press publicada pelo G1, os bancos regionais americanos sofreram fortes perdas em Wall Street na terça-feira (2), o que reduziu as expectativas de que a solução dos problemas do banco First Republic acabaria com a turbulência no setor bancário. As maiores perdas foram observadas nos bancos regionais, pressionados desde março pela perda de depósitos após a queda do Silicon Valley Bank. Entre os bancos regionais que registraram perdas na terça (2), estão o PacWest Bancorp (-24%), o Western Alliance Bancorporation (-16%), o Zions Bancorporation (-11%) e o KeyCorp (-9%).

O aumento da taxa de juro dos EUA tem impactado os negócios dos bancos regionais. Na quarta-feira (3), o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, aumentou os juros do país em 0,25 ponto percentual (p.p.), para uma faixa de 5% a 5,25%. É a 10ª alta consecutiva e maior nível das taxas desde 2007. Segundo a reportagem da France Press, o analista do Goldman Sachs Ryan Nash avalia que “continuará havendo pressão” sobre os depósitos bancários a partir da mudança na política do Fed de contínua elevação da taxa de juros.

Grandes instituições, como o Citigroup e o Bank of America, também fecharam o pregão em queda. Os maus resultados no setor bancário puxaram para baixo os índices em Wall Street. O Dow Jones e o Nasdaq fecharam em queda de 1,08%, segundo resultados preliminares, enquanto o S&P 500 recuou 1,16%.

As quedas ocorreram em um dia turbulento para os mercados mundiais, em que o petróleo desabou devido ao risco de uma recessão e do temor crescente de um descumprimento do pagamento da dívida nos Estados Unidos, em meio a uma queda de braço entre o presidente democrata Joe Biden e os republicanos. Mas a angústia em Wall Street foi gerada mesmo pelas ações dos bancos.

O estrago em Wall Street ocorreu um dia após o JPMorgan Chase adquirir o banco First Republic, em um acordo concebido pelas autoridades americanas, que haviam assumido o controle da instituição fragilizada.

Embora a compra do First Republic tenha provocado alívio, os principais bancos regionais sofreram perdas notáveis também na segunda-feira (1), em uma antecipação dos resultados ruins da terça-feira. 

A mudança do Fed para uma política de taxas de juros altas veio após um longo período de juros baixos ou próximos de zero, que obrigou os bancos a elevarem as taxas que pagam aos clientes para evitar a perda de depósitos.

Aumento da taxa de juros levou os bancos regionais a competirem entre si por depósitos, diminuindo as margens de lucro deles

Essa dinâmica significa que os bancos  regionais devem competir entre si pelos depósitos, reduzindo suas margens de lucro. Nash, do Goldman Sachs, reforça que o papel das corridas de depósitos nas quebras bancárias também afetou os clientes.

A maioria dos bancos regionais viu ruir sua receita líquida com juros, ou seja, a diferença das taxas que ganham ao emprestar dinheiro e as que pagam a quem deposita seu dinheiro.

A solução para a crise do First Republic também evidenciou a desvantagem dos bancos menores frente a um gigante como o JPMorgan, o maior banco do país em volume de ativos.

Embora outros três bancos medianos (PNC Financial Services, Fifth Third Bancorp e Citizens Financial Group) tenham participado da licitação do First Republic, as autoridades escolheram o JPMorgan, pois oferecia mais dinheiro e poderia integrar mais facilmente as agências à sua rede, segundo veículos financeiros dos Estados Unidos.

“O JPMorgan ter ganhado o acordo mostra que os reguladores estarão dispostos a permitir que os bancos quebrem e caiam nas mãos de bancos grandes, o que obviamente é negativo para os bancos regionais”, disse Nash.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do G1

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