A Secretaria de Educação de São Paulo removeu o livro “Cartas para minha avó”, da filósofa Djamila Ribeiro, de uma plataforma de leitura usada pelos professores de português do estado.
O livro, lançado em 2021, traz, na forma de cartas, um “relato memorialístico pungente e sensível sobre ancestralidade, feminismo e antirracismo na criação de filhos”, na descrição da editora.

Foto: Divulgação
Após questionamentos e a repercussão negativa de decisão, a Secretaria de Educação informou que a obra retornou à plataforma às 12h da última quinta-feira (16). A informação é da Folha de S. Paulo.
“Após análise, realizada a pedido da rede, sobre ‘Cartas para minha avó’, da autora Djamila Ribeiro, a secretaria concluiu que a obra continuará disponível para os alunos do Ensino Médio e EJA (anos finais e ensino médio) a partir desta quinta”, disse.
Djamila Ribeiro dedica livro à Iemanjá e Oxum
O livro de Djamila é dedicado a duas orixás, Iemanjá e Oxum, e a inicia com um retrato da avó Antônia, uma “conhecedora de ervas curativas e benzedeira muito requisitada” que lhe deixou lembranças “com gosto de manga verde e doce de abóbora”. Antônia posa com vestes brancas típicas de religiões afro-brasileiras.
A obra estava disponível na plataforma Leia SP, biblioteca virtual à disposição de estudantes e docentes, até pelo menos sexta-feira (10). Segundo profissionais da educação paulista, eles pararam de ter acesso ao livro.
Segundo Djamila, em entrevista à Folha de S. Paulo, nem ela, nem a editora foram informadas sobre a retirada da obra. “Sem discussão, sem debate, é uma atitude absolutamente antidemocrática e que vai contra o que as educadoras, os educadores comprometidos com uma educação antirracista têm propondo no Brasil nos últimos anos”, disse.
“Acho que, vindo do governo [Tarcísio de Freitas], essa foi uma decisão totalmente arbitrária no sentido de que o livro está sendo adotado por várias escolas e passou também por comissões que o avaliaram”, completou.
O que diz a Secretaria de Educação?
A Secretaria de Educação disse, por meio de nota, que “realiza frequentemente a atualização dos títulos disponíveis na plataforma Leia SP para adequar a complexidade dos conteúdos oferecidos aos ciclos de ensino dos alunos da rede”.
O trabalho, segundo o órgão, “envolve professores e especialistas em currículo na discussão de temas relevantes, como a prática antirracista”.
O Leia SP é definido como uma biblioteca digital entregue aos estudantes e professores paulistas no início deste ano letivo, “composta por obras literárias indicadas por especialistas da rede e Ministério da Educação”.
A escolha dos livros que serão lidos em sala de aula fica a cargo de professores do 6º ano do Ensino Fundamental à 3ª série do Ensino Médio.
Relacionados
Estado de SP publica lista de escolas que podem aderir ao modelo cívico-militar
Modelo de educação cívico-militar é alvo de críticas por parte de educadores
Após denúncia de Edu Moreira, ICL lança vaquinha para ajudar projeto social de Paraisópolis
Campanha busca construir primeira escola de Desenvolvimento de Negócios, Tecnologia e Comunicação da comunidade
DENÚNCIA EXCLUSIVA: Paraisópolis relata multiplicação repentina de pessoas em situação de rua
O ritmo de chegada dessas pessoas em situação de rua e usuários de drogas é de cinco a oito a cada dois dias