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PF aponta que Abin usou sistema de monitoramento em mais de 30 mil ocasiões

Investigações mostram que ferramenta First Mile monitorou cerca de 1,8 mil pessoas, entre jornalistas, advogados, políticos e ministros do STF, na gestão de Jair Bolsonaro. Dois agentes do órgão foram presos e cinco afastados
20/10/2023 | 16h07

Investigações da Polícia Federal (PF) apontam que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) fez uso do sistema de monitoramento e geolocalização First Mile em mais de 30 mil ocasiões. Segundo a corporação, foram monitoradas cerca de 1,8 mil pessoas, entre jornalistas, advogados, políticos, policiais e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) durante o governo de Jairr Bolsonaro. Dois agentes da Abin foram presos e outros cinco afastados.

De acordo com a PF, Rodrigo Colli, especialista em contrainteligência cibernética, e Eduardo Arthur Izycki, oficial de inteligência, foram presos na Operação Última Milha. Entre os cinco diretores da agência afastados está Paulo Maurício Fortunato Pinto, secretário de Planejamento e Gestão da Abin.

O afastamento de Paulo Maurício Fortunato Pinto foi determinado pelo STF. Durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, ele era diretor de Operações de Inteligência da Abin. O departamento era responsável por adquirir e manusear o sistema de monitoramento First Mile.

Durante as buscas, a PF encontrou US$ 171,8 mil em espécie na residência de Paulo Maurício Fortunato Pinto. Caio Santos Cruz, filho do ex-ministro Santos Cruz, também é um dos investigados por supostamente representar a empresa que vendeu o software à Abin.

A Abin adquiriu o First Mile em 2018, no fim da gestão do ex-presidente Michel Temer, por R$ 5,7 milhões. A compra foi feita sem licitação. A ferramenta permite rastrear os dados de GPS de qualquer pessoa pelos dados transferidos de seu celular para torres de telecomunicação.

ABIN

Em nota, a Abin informou que, “em 23 de fevereiro de 2023, a Corregedoria-Geral concluiu Correição Extraordinária para verificar a regularidade do uso de sistema de geolocalização adquirido pelo órgão em dezembro de 2018”.

Segundo a nota, “a partir das conclusões da correição, foi instaurada sindicância investigativa em 21 de março de 2023. Desde então, as informações apuradas vêm sendo repassadas para os órgãos competentes, como Polícia Federal e Supremo Tribunal Federal”.

“A Agência reitera que a ferramenta deixou de ser utilizada em maio de 2021. A atual gestão e os servidores da Abin reafirmam o compromisso com a legalidade e o Estado Democrático de Direito”.

Deflagrada hoje pela manhã, a Operação Última Milha cumpriu  26 mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão preventiva em São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.

 

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