No pico das discussões sobre o RS no Instagram (dia 07/05), os influenciadores geraram 10 vezes mais interações do que os políticos e 7 vezes mais do que os veículos de imprensa.
Estes números são ainda mais interessantes se analisarmos o volume de publicações que partiram de cada grupo analisado: influencers, canais de imprensa e políticos, visto que os influenciadores produziram apenas duas vezes mais conteúdos que a imprensa neste mesmo dia.
Esse cenário onde influencers — que não são necessariamente engajados politicamente — possuem uma força de mobilização colossal suscita alguns importantes pontos de análise.
A principal delas é que existe hoje uma grande força que supera a imprensa e o poder público na capacidade de impactar, dialogar e sensibilizar os usuários nas redes sociais. O que o poder público pode — e deve — fazer para tornar essa onda de solidariedade mais eficiente?
A já mencionada força de influencers sem um planejamento que priorize a eficiência da mobilização pode gerar uma cacofonia que cria, dentre diversos cenários, um vácuo para que grupos como a extrema-direita sequestrem a pauta e passem a jogar com a ideia de “ausência do poder público”.
É crucial que o poder público se prepare para lidar com a imensa influência deste grupo de influencers nos dias de hoje. Não há como, e nem é necessário, que a comunicação pública isolada tente competir com essa força. Como avançar neste sentido?
A ausência de atenção neste ponto fica ainda mais dramática quando analisamos os desdobramentos da tragédia. A drástica diminuição da atenção dedicada ao RS é evidente, com uma queda no volume de interações dos diversos grupos aqui analisados.
Com isso, a influência de atores de extrema direita e das fake news no debate tende a ocupar um espaço proporcionalmente maior no debate. Assim, deveriam ser elaboradas estratégias comunicacionais para o “dia seguinte”, pois as dificuldades ainda serão muitas, embora diferentes.
Se nem a imprensa e nem o poder público conseguem rivalizar com o impacto dos influenciadores na comunicação durante catástrofes, talvez o “segredo” esteja em aproveitar essa força de maneira otimizada e mais eficaz.
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