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Criada em 2015, a Marcha para Jesus, que levou milhares de fiéis às ruas de São Paulo nesta quinta-feira (30) foi criada e é organizada pelo apóstolo Estevam Hernandes e sua mulher, a bispa Sônia Hernandes, ambos líderes da Igreja Apostólica Renascer em Cristo.

Antes de se destacar pelo evento, que é reproduzido em outros estados, o casal teve bastante espaço nos noticiários há 17 anos, mas por motivos bem menos divinos.

Naquele ano, o casal foi preso ao chegar no aeroporto de Miami, nos Estados Unidos, onde possuem propriedade. Estevam e Sônia foram detidos por carregarem U$ 56 mil escondidos em meio a bíblias, embora tivessem declarado à alfândega que levavam apenas U$ 10 mil.

Na época, o advogado do casal, Luis Flávio Borges D’Urso (então presidente da Ordem dos Advogados do Brasil), alegou que houve um erro ao preencher os documentos, já que o casal estava acompanhado de familiares, somando um grupo de 5 pessoas, o que de acordo com a justiça norte-americana possibilitaria movimentação de até U$ 70 mil.

O casal foi acusado de evasão de divisas e teve que pagar fiança no valor de U$ 100 mil para responder o processo em liberdade vigiada.

Na audiência que decidiu o caso, Estevam e Sônia se declararam culpados e se disseram arrependidos. O advogado do casal pediu que o juiz fosse humano ao decretar a sentença, alegando que o dinheiro serviria para evangelizar pessoas naquele país.

Marcha para Jesus realizada nesta quinta-feira (30)

Estevam e Sônia condenados

O juiz Frederico Moreno sentenciou Estevam e Sônia a uma pena de 140 dias de reclusão em regime fechado em fases intercaladas pelo motivo de um dos dois ter que cuidar dos filhos durante a ausência do outro. Foi imposta também uma multa no valor de U$ 30 mil para cada um.

Estevam cumpriu o período em regime fechado em Miami entre os meses de agosto e dezembro de 2007, sendo liberto no dia 28 de dezembro.

Ao sair da prisão voltou a realizar pregações via satélite para os fiéis no Brasil e passou a apresentar um programa diário ao vivo dos Estados Unidos por meio da Rede Gospel, de sua propriedade.

No período que antecedeu a audiência, bispos e pastores da Igreja Renascer organizaram um abaixo-assinado pedindo a absolvição de ambos. O objetivo era coletar um milhão de assinaturas.

Nos últimos dias antes da audiência, devido à impossibilidade de conseguir atingir a quantidade de assinaturas estipulada, vários pastores orientaram os oficiais (“obreiros” da igreja) a colocarem nome e RG de pessoas conhecidas mesmo sem o consentimento das mesmas, segundo informam matérias jornalísticas da época.

Acusações no Brasil

O casal respondeu a processos no Brasil por suposta lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e estelionato. Após assumirem a culpa no processo por evasão de divisas nos Estados Unidos, a promotoria pediu a prisão preventiva do casal, ainda sob o motivo de terem faltado a audiência judicial em dezembro de 2006. A Justiça de São Paulo acatou o pedido.

Entretanto, em março de 2008, a Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) revogou a decisão, liberando novo habeas corpus ao casal. A turma do STJ se pronunciou na época alegando que os dois estavam sendo submetido a constrangimento ilegal e considerou extravagante a prisão preventiva.

Em julho de 2012, todos os processos que corriam contra Estevam e Sônia no Brasil foram encerrados e eles foram declarados inocentes de todas as acusações de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Após essa decisão, o casal ficou livre retornou ao Brasil, reassumindo assim sua atuação religiosa.

 

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