Os 32 sem emenda na Câmara: Lista tem bolsonaristas, Lira e Pastor Henrique Vieira

Por Igor Mello

Até esta semana, R$ 4,7 bilhões em emendas individuais já tinham irrigado os redutos eleitorais dos deputados federais em 2024. Mas nem todos na Câmara dos Deputados foram contemplados.

Levantamento exclusivo da coluna mostra que 32 parlamentares não conseguiram executar nenhum centavo dos R$ 37,8 milhões que indicaram no orçamento deste ano.

A lista é composta em sua grande maioria por membros da oposição. O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, concentra metade dos deputados que ficaram à míngua — entre eles expoentes da extrema direita como Bia Kicis (DF), Alberto Fraga (DF), líder da bancada da bala, e Sóstenes Cavalcante-RJ, ungido de Silas Malafaia e um dos articuladores da bancada evangélica.

Na lista dos opositores de Lula constam ainda Marcel Van Hattem (NOVO-RS) e Dani Cunha (União Brasil-RJ), filha do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.

Um nome chama atenção: o do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Ele até conseguiu que o governo empenhasse — isto é, reservasse recursos no orçamento — R$ 20,6 milhões. Contudo, nenhum centavo foi efetivamente pago até agora para os projetos indicados por ele.

O presidente da Câmara tem acesso privilegiado a outras verbas, como as das emendas de comissão — que, na prática, substituíram o orçamento secreto de Bolsonaro.

Deputados do PSOL e do PT também ficam sem emendas

Mas não são só os oposicionistas que seguem sem levar recursos para suas bases. Dois nomes importantes da base de esquerda do governo também: Erika Kokay (PT-DF), vice-líder do PT, e Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) — um dos vice-líderes do governo na Câmara. O Psolista só conseguiu o empenho de R$ 1 milhão até agora.

Outros dois vice-líderes de Lula na casa também estão com emendas zeradas: Duda Salabert (PDT-MG) e Bacelar (PV-BA).

Na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) o grupo de Lira tentou impor em lei um calendário de pagamento das emendas, mas Lula vetou. Após negociações com a articulação política do governo, os parlamentares decidiram manter o veto.