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Pedro Barciela

Autor no blog Essa Tal Rede Social, estuda e atua na área de monitoramento e análise de redes sociais com foco em política e campanhas eleitorais.

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PEC das praias: quem ganha e quem perde nas redes?

É preciso avançar no debate sobre as redes antes de apontar vencedores e perdedores
08/06/2024 | 10h05

O debate sobre a “PEC das praias” colocou em pauta uma questão importante — ainda que não a central — ao analisarmos enfrentamentos como este nas redes sociais. Afinal, quem saiu vitorioso? Quem foi o derrotado e por quê?

De forma equivocada e talvez apressada, comentaristas políticos chegaram até mesmo a visualizar uma suposta “derrota do governo” nas redes sociais, o que seria então uma hipotética vitória da oposição em um debate que atingiu não-polarizados. Mas a questão é: como chegar em uma conclusão como essa?

Para uma rápida análise sobre esta questão levemos em conta a plataforma X, antigo Twitter, na qual influenciadores ligados à polarização política, políticos e canais de imprensa estão presentes.

Apesar do anunciado por algumas análises superficiais, não foi Luana Piovani — ainda que a atriz tenha cumprido um papel fundamental no tema — quem inicialmente alertou para a questão.

Também não foi o campo de oposição, aqui liderado pelo bolsonarismo, quem saiu em defesa da PEC. Mas quem foi então?

A principal hipótese aqui levantada é de que foram atores ligados à pauta ambiental que, atentos ao que é debatido pelo tema, alertaram para a PEC. O aviso, inicialmente feito no dia 25/05, gerou engajamento e passou a promover a pauta entre clusters antibolsonaristas, a partir de laços fracos — mas potencialmente conectados a uma série de outros agrupamentos — que puderam gerar um buzz sobre a pauta que permitiu colocá-la em evidência no debate político nacional.

Não houve menções ao tema nos últimos meses na plataforma X. Já a partir do dia 25/05 registra-se um pico de menções sobre a PEC das praias

Temos então um cenário onde o cluster ambientalista, identificado como antibolsonarista, alertou para uma pauta que conseguiu gerar um buzz e produzir, ao longo dos dias analisados, um volume de 75% de menções críticas a PEC em oposição aos 25% que tentam, de alguma maneira, justificar essa aberração.

Portanto, temos uma abordagem crítica que foi predominante no debate, partindo de um cluster extremamente especializado e que conseguiu extrapolar as limitações desta especialização e dialogar com outros atores, como Luana Piovani, que permitiram a viralização da pauta.

Percebam que em nenhum momento do enfrentamento houve menção — positiva ou negativa — ao governo federal. Isso porque o campo governista, nas redes sociais, não é um cluster conectado ideologicamente como é o bolsonarismo.

A ideia de um “cluster governista” hoje é inexistente, sendo ocupado por uma miríade de interesses e pautas que se agrupam em um guarda-chuva antibolsonarista, com todas as limitações e potencialidades que esse guarda-chuva detém.

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