Por Chico Alves
Em meio ao movimento grevista dos professores universitários, que já dura dois meses, o governo anunciou pacote de R$ 5,5 bilhões para investir nas universidades, mas manteve a posição de não conceder reajuste à categoria este ano.
“A greve tem um tempo para começar e um tempo para terminar, o que não se pode permitir é que uma greve termine por inanição”, criticou o presidente Lula. “O dirigente sindical tem que ter coragem de propor a greve, ter coragem de negociar, mas tem que ter coragem de tomar decisões, que muitas vezes não é o tudo ou nada que ele apregoou.”
A declaração não foi bem recebida pelo presidente da principal entidade à frente da paralisação, o Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior). “Tivemos algumas sinalizações.do governo federal quanto à recomposição orçamentária e investimentos, todas vitórias da greve, mas muito tímidas ainda. Mas a posição do governo foi também muito negativa”, afirmou o sindicalista Gustavo Seferian ao ICL Notícias. “Lula e Camilo Santana (ministro da Educação) foram agressivos e deslegitimaram a greve de forma profundamente inapropriada”.
Apesar disso, o presidente do Andes diz que espera resposta satisfatória do governo nas reuniões de negociação que serão realizadas nesta terça-feira (11) (dos técnicos em Educação) e amanhã (docentes). Seferian não arrisca qualquer prognóstico sobre continuação ou fim da greve. “Impossível dizer. Qualquer avaliação antes das reuniões e assembleias de base é prematura e sem qualquer lastro”, admitiu.
Críticas de Lula e investimento nas universidades
Por sua vez, o presidente Lula criticou o prolongamento da greve dos professores e técnicos das universidades e institutos federais e afirmou que o montante de recursos negociados com o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI) para recompor os salários dos docentes e servidores é “não recusável”.
“O montante de recurso que a companheira Esther Dweck [ministra do MGI] colocou à disposição é o montante de recursos não recusável. Eu só quero que leve isso em conta porque se não nós vamos falar em universidades, institutos federais e os alunos estão à espera de voltar à sala de aula”, disse Lula, em reunião pública com reitores de universidades e institutos federais, no Palácio do Planalto.
O presidente anunciou R$ 5,5 bilhões em recursos do Ministério da Educação (MEC) para obras e custeio do Ensino Técnico e Superior e a construção de dez novos campi de universidades e de oito novos hospitais universitários federais.
Proposta do governo
O Andes reivindica aumento de 3,69% em agosto de 2024, 9% em janeiro de 2025 e 5,16% em maio 2026. Brasília oferece 9% em janeiro de 2025 e 3,5% em maio de 2026. As categorias que recebem menos terão os maiores aumentos. Quem ganha mais terá menor reajuste.
O governo argumenta que com o reajuste linear de 9% concedido ao funcionalismo federal em 2023, o aumento total ficará entre 23% e 43% no acumulado de quatro anos.
Representantes do governo consideram que melhoram a oferta em todos os cenários e que os professores terão aumento acima da inflação estimada em 15% entre 2023 e 2026.
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