Voltamos a falar sobre estupro. Todas as vezes que uma mulher é estuprada, ela morre um pouco. No Brasil, uma de nós é vítima de abuso sexual a cada 46 minutos.
O jornalista Guilherme Amado, que divide comigo as manhãs no ICL Notícias, revelou em sua coluna no site Metrópoles uma denúncia assustadora de violência, estupro e tortura envolvendo Tales Carvalho, um dos filhos do guru do bolsonarismo, Olavo de Carvalho.
Durante um mês a reportagem — com o cuidado de se cercar de uma equipe só de mulheres, além de Amado —, ouviu relatos de quatro vítimas de Thales e suas duas filhas do primeiro casamento. As acusações são chocantes.
Calinka Moura, primeira esposa de Tales, sofreu sessões quase que diárias de tortura e humilhação por dois anos e meio. Segundo relatou a Guilherme Amado, para evitar deixar marcas, ele passou a fazer xixi ou molhar o corpo dela com água e chicoteá-la com um fio de telefone. Principalmente, ela conta, na vagina.
O relato completo vocês podem ler aqui.
Amado, um dia antes de publicar, me avisou que o material era pesado, e é mesmo. Calinka reuniu coragem para falar sobre os abusos depois de 15 anos e fez questão de mostrar o rosto — uma manobra corajosa para tentar se proteger de retaliação ou algo pior. Este, infelizmente, não é o primeiro caso que vem à tona depois de décadas do ocorrido. O trauma e o medo levam tempo e muito trabalho para serem superados de alguma forma.
Calinka eu sinto muito. Ouvir sua história é um golpe imenso. Eu desejo que você encontre justiça. Mas de verdade, como é que se faz justiça nesses casos? Nenhuma mulher violentada consegue uma reparação justa. Tales nega as acusações. Estupradores quando não são julgados e presos seguem a vida e muitas vezes fazendo novas vítimas. Já as mulheres conseguem — no máximo — sobreviver. Isso é justiça?
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