ICL Notícias

O ex-CEO da Americanas, Miguel Gutierrez, foi preso nesta sexta-feira (28) em Madri pela polícia espanhola. Ele foi alvo da operação Disclosure, da Polícia Federal, e tinha mandado de prisão expedido pela Justiça brasileira desde quinta-feira, diz jornal.

De acordo com o Ministério Público Federal, o executivo acompanhava e participava das fraudes no balanço da companhia “desde o seu planejamento até a publicação dos resultados”.

Gutierrez e outros 14 executivos da Americanas foram alvo na quinta-feira (27) de uma operação que buscava mais provas e evidências de um esquema que escondeu nos balanços rombo estimado em R$ 25 bilhões.

A operação foi baseada em e-mails e mensagens apreendidas pela Polícia Federal e nas delações dos ex-executivos Marcelo Nunes e Flávia Carneiro. A prisão de Gutierrez foi comunicada nesta manhã à Polícia Federal.

O ex-CEO tem cidadania espanhola e estava no país desde o ano passado. Seu nome foi incluído na difusão na lista vermelha de foragidos internacionais da Interpol. Ainda não está definido se ele será enviado ao Brasil ou se ficará preso na Espanha, uma vez que o país não extradita seus cidadãos.

A mesma operação da PF também considera foragida a ex-presidente Anna Saicali, que viajou para Portugal no último dia 15 e está com ordem de prisão decretada.

Balanços fraudados na Americanas

Gutierrez tomava medidas para tentar se blindar de uma eventual apuração sobre o esquema e só recebia as versões fraudulentas do orçamento em pen drives entregues em suas mãos.

As mensagens mostram que os executivos da Americanas discutiam por WhatsApp e por e-mail a inclusão de números falsos nos balanços da empresa para fabricar lucros que não existiam.

O conjunto de planilhas e cálculos que embasavam as diferentes versões do balanço era chamado de “kits de fechamento”. Era através deles que Gutierrez acompanhava a evolução das mudanças.

As investigações da fraude contábil na Americanas também revelaram que a informação sobre a troca no comando da empresa provocou uma corrida de Gutierrez e outros 10 executivos para se livrarem de ações da companhia antes que fosse descoberto o esquema de inserir números falsos para maquiar os resultados financeiros.

O ex-CEO é alvo de inquérito da PF pelos crimes de uso de informação privilegiada, manipulação de mercado e associação criminosa. O executivo também é alvo de investigação sobre lavagem de dinheiro com o objetivo de “ocultação patrimonial”.

Gutierrez vendeu R$ 158,5 milhões em ações desde que soube que seria trocado do posto de CEO, ou seja, de julho de 2022 até janeiro de 2023. A companhia revelou ao mercado a descoberta do rombo contábil de R$ 20 bilhões.

Em 2023, o rombo nas contas da Americanas foi revelado, com inconsistências contábeis da ordem de mais de R$ 20 bilhões. A empresa entrou em recuperação judicial e apontou que as inconsistências eram, na verdade, fraudes contábeis cometidas por ex-funcionários da rede varejista.

Defesa não comenta prisão

Em nota divulgada após a operação da PF de quinta-feira, a defesa do ex-CEO Miguel Gutierrez informou que não teve acesso aos autos e “por isso não tem o que comentar”. Ele reitera “que jamais participou ou teve conhecimento de qualquer fraude e que vem colaborando com as autoridades, prestando os esclarecimentos devidos nos foros próprios”.

LEIA TAMBÉM

PF faz buscas contra ex-diretores da Americanas em operação que apura fraude de R$ 25 bi

Deixe um comentário

Mais Lidas

Assine nossa newsletter
Receba nossos informativos diretamente em seu e-mail