A 3ª Promotoria de Justiça Militar do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) requisitou que a Corregedoria da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) instaure investigação preliminar para apurar a invasão, por PMs, de um terreiro religioso em Planaltina. Objetivo é apurar crime de racismo religioso.
Na noite do dia 23 de julho, policiais militares do 14º BPM do Distrito Federal invadiram a Casa Ilê Asé Omin Yemonjá Ogunté. Testemunhas relataram que os PMs usaram violência excessiva contra o foragido, que se escondeu no terreiro, e acusaram os agentes de terem cometido racismo religioso.
Segundo o MPDFT, a Polícia Militar tem o prazo de dez dias para instaurar a investigação. A requisição foi feita na última quinta-feira (25), motivada a partir de notícias publicadas na imprensa.
O caso
O fugitivo que se escondeu dentro do terreiro é irmão do líder religioso da casa, o Bábàlorisá Uanderson, e, de acordo com relatos, o suspeito chegou ao local algemado, com o nariz e a boca sangrando, logo após fugir da abordagem dos agentes.
Segundo relatos, os policiais teriam ofendido os fiéis, os chamando de “desgraça” e falando que o lugar era um “inferno”.
Outra reclamação foi a forma violenta como foi feita a abordagem. Um vídeo publicado na internet mostra um dos policiais segurando o rapaz, enquanto uma testemunha avisa que ele está sendo sufocado.
Em um desabafo nas redes sociais, o Bábàlorisá Uanderson falou sobre o acontecido.
“O policial jogou ele no chão, jorrava sangue pela boca, nariz, ouvidos, e com um corte imenso na cabeça! Ele caiu algemado e o policial subiu em cima. Eu pedi ‘Para com isso, você vai matar ele!’. De tanto implorar, o policial soltou e saiu. Depois invadiram minha casa, pularam os muros, profanaram meu templo, meu corpo espiritual”, disse.
Comissão acompanhou caso
A coordenadora da Comissão de Direitos Humanos, Dani Sanchez, acompanhou o caso e contou que após ser detido por suspeita de tráfico de drogas, o irmão do pai de santo teria se aproveitado de um momento de descuido dos agentes para se esconder no terreiro.
No momento da chegada da PM, o terreiro se encontrava funcionando, realizando cerimônias religiosas. Imagens de vídeos divulgados na internet mostram os PMs batendo no portão da casa e pulando o muro do terreno.
“Por mais que ele tenha cometido um crime, o terreiro não queriam que ele fosse assassinado dentro do local devido a uma abordagem policial despreparada […] Como comissão dos Direitos Humanos não buscamos uma apuração sobre a violência desproporcional que foi cometida nesse caso”, pontuou Dani Sanchez.
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