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Dieta cetogênica ajuda na perda de peso, mas pode aumentar colesterol, diz estudo

Com baixo consumo de carboidratos e alto teor de proteínas e gorduras, dieta pode reduzir bactérias intestinais
08/08/2024 | 05h00

Pesquisadores da Universidade de Bath, do Reino Unido, publicaram artigo na revista Cell Reports Medicine, na última segunda-feira (5), que revela que a dieta cetogênica, apesar de ajudar na perda de peso, pode aumentar os níveis de colesterol ruim e reduzir a quantidade de bactérias intestinais benéficas para a saúde.

Os cientistas do Centro para Nutrição, Exercício e Metabolismo da Universidade de Bath acompanharam 53 adultos saudáveis por 12 semanas no intuito de entender se a dieta cetogênica — baixo consumo de carboidratos e alto teor de proteínas e gorduras — era de fato benéfica.

Os participantes do estudo se dividiram em grupos e foram instruídos a seguir as seguintes dietas: moderada em açúcar (controle), com baixo teor de açúcar (menos de 5% das calorias vindas do ingrediente) ou uma cetogênica, com baixo teor de carboidratos (menos de 8% das calorias vindas desse macronutriente).

O resultado mostrou que a dieta cetogênica aumentou os níveis de colesterol, em especial em partículas LDL (o colesterol “ruim”). Essa restrição alimentar aumentou também a concentração de apolipoproteína B (apoB), que pode resultar no acúmulo de placas de gordura arterial.

Outro dado negativo coletado sobre a dieta cetogênica foi que ela resultou numa diminuição de bactérias intestinais benéficas, a exemplo da bifidobactérias, que são responsáveis pela produção de vitamina B e inibem patógenos e bactérias nocivas.

O estudo também mostrou um lado positivo da dieta: ela reduziu a intolerância à glicose e, consequentemente, o risco de diabetes do tipo 2.

Dieta cetogênica: perda de peso

(Foto: EBC/Agência Brasil)

Mesmo com os indicativos negativos que a dieta cetogênica traz, ela de fato ajudou na perda de peso. Quando comparada à dieta com restrição de açúcar, o grupo da cetogênica perdeu, em média, 2,9 quilos de massa gorda, enquanto o da restrição de açúcares emagreceu 2,1 quilos.

Os pesquisadores dizem que, apesar da perda de peso em menor tempo, as descobertas sobre a dieta são preocupantes, principalmente em relação ao colesterol.

“Apesar de reduzir a massa gorda, a dieta cetogênica aumentou os níveis de gorduras desfavoráveis ​​no sangue de nossos participantes, o que, se mantido por anos, pode ter implicações de saúde a longo prazo, como aumento do risco de doenças cardíacas e derrame”, afirma Aaron Hengist, pesquisador principal do estudo, em comunicado à imprensa.

A dieta também pode causar um impacto na saúde intestinal, acrescentou Russell Davies, líder da pesquisa sobre microbioma.

“A fibra alimentar é essencial para a sobrevivência de bactérias intestinais benéficas como a bifidobacteria”, afirma. “A redução dessa bactéria pode contribuir para consequências significativas de saúde a longo prazo, como um risco aumentado de distúrbios digestivos como doença do intestino irritável, risco aumentado de infecção intestinal e uma função imunológica enfraquecida”, completa.

Ainda são necessários mais estudos para se chegar a uma conclusão. Contudo, os pesquisadores dizem que é importante considerar o tipo de dieta que está sendo realizada ao buscar a perda de peso, e que uma dieta baseada no corte de açúcar será mais benéfica para a maioria das pessoas.

“A dieta cetogênica é eficaz para perda de gordura, mas vem com efeitos metabólicos e de microbioma variados, que podem não ser adequados para todos. Em contraste, a restrição de açúcar apoia as diretrizes governamentais para reduzir a ingestão de açúcar livre, promovendo a perda de gordura sem impactos negativos aparentes à saúde”, afirma o professor Dylan Thompson, que também supervisionou o trabalho.

 

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