ICL Notícias

Por Isabela Palhares

(Folhapress) — Os resultados do Ideb 2023 mostraram o cenário de estagnação do sistema educacional brasileiro em patamares de aprendizado muito baixos. Como as deficiências vão se arrastando ao longo da trajetória escolar, os alunos terminam o Ensino Médio sem saber, por exemplo, como calcular porcentagem.

Os dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, principal indicador de qualidade da educação, foram divulgados na quarta-feira (14) pelo MEC (Ministério da Educação). Eles mostraram uma leve melhora no desempenho dos anos iniciais do Ensino Fundamental (do 1º ao 5º ano) e Ensino Médio, e queda nos Anos Finais (do 6º ao 9º ano).

Para calcular o índice, um dos critério é o resultado das provas do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), que medem o desempenho dos estudantes em Matemática e Português. As notas de 2023 mostram que a média do país segue ainda em patamares muito baixos.

Os alunos do 3º ano do Ensino Médio das escolas públicas obtiveram uma média de 264,6 pontos em Matemática e 270,2 em Língua Portuguesa, o que significa que estão no nível 2 de proficiência, em uma escala que vai de 1 a 8. Com esse nível de aprendizado, os estudantes são capazes, por exemplo, de compreender ironia em tirinhas e interpretar uma tabela.

Eles, no entanto, ainda não aprenderam a fazer cálculos de porcentagem ou resolver problemas matemáticos usando operações fundamentais (adição, subtração, multiplicação e divisão) com números naturais. O Ensino Médio é considerado um dos maiores gargalos da Educação Básica.

Ensino Médio

Fachada do prédio que abriga o Ministério da Educação em Brasília (Foto: Agência Brasil)

Reforma do Ensino Médio

Houve uma reforma da etapa aprovada em 2017, com a implementação iniciada nas salas de aula em 2022, para alunos do 1º ano. Após críticas na implementação, o governo Lula (PT) aprovou neste ano uma nova mudança na estrutura da etapa, que deve começa a valer no próximo ano.

A principal alteração feita em 2024 é o aumento da carga horária para disciplinas tradicionais, que tinha sido reduzida para dar espaço aos chamados itinerários formativos.

O baixo desempenho escolar no país, no entanto, começa ainda nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. O Ideb 2023 mostrou que os alunos do 5º ano das redes municipais do país obtiveram uma média de 208 pontos na avaliação de Língua Portuguesa, o que significa que estão no nível 4 de proficiência, em uma escala que vai de 1 a 9.

Nesse nível, os estudantes conseguem, por exemplo, entender o efeito de humor em uma piada ou identificar uma informação explícita em uma receita culinária. Porém eles não aprenderam ainda a identificar assunto e opinião em uma reportagem ou reconhecer a finalidade de um texto escrito em um cartaz.

Em Matemática, a média foi de 219 pontos, o que também significa que estão no nível 4 de proficiência. Nessa faixa, os estudantes conseguem converter uma hora em minutos e interpretar horas em relógios de ponteiro. Eles não conseguem, no entanto, calcular a área de uma figura retangular ou somar quantias diferentes de dinheiro, como moedas e cédulas de real.

Já para os Anos Finais do Fundamental, o Ideb mostrou que os alunos do 9º ano das escolas públicas tiveram uma média de 251 pontos em Matemática, e 254,62 em Português — o equivalente ao nível 3 de proficiência, em uma escala também de 1 a 9. Nesse nível, os estudantes conseguem determinar a soma ou a diferença em operações com números inteiros, mas não sabem converter uma unidade de comprimento de metros para centímetros, por exemplo.

O Ideb é produzido a cada dois anos, com divulgação prevista sempre em anos eleitorais. Ele é calculado a partir de dois componentes: a taxa de aprovação das escolas e as médias de desempenho dos alunos em uma avaliação de matemática e português, o Saeb.

O indicador foi criado em 2007 com metas por escolas, redes e para país até 2021. Ele deveria ter sido renovado a partir desta edição, mas tanto o governo Jair Bolsonaro (PL) quanto a atual gestão Lula (PT) não construíram um novo modelo.

 

SAIBA MAIS:

Desigualdade entre escolas pobres e ricas é de 4 anos ao fim do Ensino Fundamental

Deixe um comentário

Mais Lidas

Assine nossa newsletter
Receba nossos informativos diretamente em seu e-mail