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A fumaça das queimadas na Amazônia e no Pantanal já atingiu pelo menos dez estados desde o sábado (17). Fora da região amazônica, o Rio Grande do Sul e Santa Catarina têm o maior número de cidades impactadas. A neblina também chegou ao Rio de Janeiro e a São Paulo no final de semana, conforme o Serviço de Monitoramento Atmosférico da Europa.

O fenômeno acontece devido a um fluxo de ar que vem do Norte. Nesta semana os maiores focos de incêndio estão na floresta amazônica. Henrique Bernini, pesquisador de sensoriamento remoto no Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe), alerta para a situação.

“Para ter fumaça da Amazônia aqui é porque a condição lá já é extrema”, afirmou Bernini. “No momento tem muito mais ignição na Amazônia, com mais de 200 eventos de fogo na região da BR 163 e mais de 200 na BR 230, além de outros espalhados por Porto Velho. Já no Pantanal são três ou quatro eventos, mas relevantes”, acrescentou.

Os estados afetados são: Rondônia, Acre, Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro.

O fluxo de ar desce do Norte em direção ao Oceano Atlântico, passando primeiramente pelo Sul, por isso que a fumaça é mais intensa no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Depois, o corredor de ar é deslocado para o Sudeste pelo ar frio do polo sul.

Ao alcançar as cidades mais distantes da origem dos incêndios, a fumaça, que contém partículas de monóxido de carbono e dióxido de nitrogênio, tem seu impacto poluente reduzido, mas ainda representa um risco para idosos, crianças e pessoas com problemas respiratórios.

Fumaça das queimadas cobre o céu de Porto Alegre

Consequência das queimadas

A depender da época do ano e do local em que se vá à Amazônia, é possível ver dois tipos bastante distintos de “névoa”. Uma é a névoa da manhã, da umidade que evapora de rios e árvores, inundando a atmosfera de água.

A outra é a névoa das queimadas, uma camada densa de fumaça que encobre regiões inteiras, às vezes por meses. A principal diferença entre elas é que, enquanto a primeira só traz benefícios, a segunda prejudica a saúde e pode levar até à morte.

Todos os anos, na época do verão amazônico, que vai de julho a outubro, municípios como Porto Velho (RO) vivenciam esse impacto direto das queimadas: a fumaça. Na Amazônia, o fogo raramente ocorre de maneira natural — ele é comumente usado no processo de desmatamento, seja para finalizar o processo de destruição, seja para degradar e enfraquecer grandes extensões de floresta, justamente na época do ano com menos chuvas.

Desde 2020 têm sido detectados pelo sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), extensas áreas com alerta de desmatamento por corte raso no Estado de Rondônia. Em setembro de 2021, a capital Porto Velho foi o município com mais focos de calor de toda a Amazônia.

As queimadas afetam diretamente a biodiversidade e nos afastam das metas internacionais para conter a crise climática. Entre os primeiros impactados estão, sem dúvida, as pessoas que vivem na região, pois o ar que respiram torna-se tóxico.

A fumaça das queimadas está repleta de partículas minúsculas (sulfatos, nitratos, amônia, cloreto de sódio, fuligem, pó de minerais e água), com menos de 2,5 micrômetros de diâmetro (PM 2.5), que podem viajar pela atmosfera por quilômetros de distância, levadas pelo vento.

Esses resíduos, chamados de material particulado (PM — particulate matter), podem se acumular nos pontos mais terminais do nosso sistema respiratório, os alvéolos, onde ocorre a hematose, que é a troca de gás carbônico por oxigênio. A partir dali, esse material entra na corrente sanguínea, causando complicações de saúde imediatas e de longo prazo.

 

*Com informações do Greenpeace

 

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