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Marçal diz ter falso banco que cobra R$ 45 por conta gratuita de outra instituição financeira

Apesar de a conta e todos os serviços serem do Asaas, a única menção à instituição é em um parágrafo no meio do contrato
03/09/2024 | 06h46

Anunciada por Pablo Marçal como um banco, uma plataforma on-line do candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo cobra taxa de R$ 45 dos correntistas para abertura de contas que na verdade são de uma instituição financeira que oferece o mesmo serviço gratuitamente. A informação é do jornalista Luiz Vassalo e publicada no site Metrópoles.

Alegando discordar de outros bancos onde teve conta, Marçal diz ter lançado o General Bank, que teria autorização do Banco Central (BC) para operar. No entanto, o General Bank nem pertence ao influencer e nem tem autorização do BC para ser uma instituição financeira. Quem baixa o aplicativo da plataforma on-line têm de pagar R$ 45 para na verdade abrir uma conta no Asaas — esta sim, uma instituição com registro no BC, mas não cobra pelo serviço.

Marçal também diz ter uma seguradora, mas a marca que ele anuncia também está em nome de outros amigos do ex-coach e não tem registro para operar concedido pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), órgão do governo federal.

O falso banco quanto a falsa seguradora são usados por Marçal para apresentar aos eleitores paulistanos a imagem de empresário bem-sucedido que fez fortuna à frente de diferentes negócios.

General Bank

Em um vídeo que circula nas redes sociais, Marçal diz que nem fica fazendo propaganda do general Bank “para não parecer camelódromo digital”.

Essa marca realmente foi registrada diversas vezes por ele no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) para empresas que vão desde um banco a uma loja de cursos on-line. Isso não quer dizer que ele seja sócio de uma empresa ou dono de um produto que existe.

O aplicativo do General Bank disponível para download em plataformas de apps do Google e da Apple tem como responsável a empresa BRM1 Administradora, cujo único sócio é Bruno Pierro, um amigo de Marçal e apoiador de sua campanha. Pierro se apresenta como “co-founder” do General Bank, ao lado de Marçal.

Ao estilo do candidato do PRTB, Pierro também diz saber os segredos para “faturar um milhão com qualquer negócio”.

“Banco” não passa de uma marca registrada

Como mostram comprovantes de Pix e boletos obtidos pelo Metrópoles, os R$ 45 cobrados pela plataforma do General Bank vão para as contas da empresa de Bruno Pierro, a BRM1.

Ou seja: o banco que Marçal diz ser dele é apenas uma plataforma que cobra de seus clientes para abrir uma conta bancária no Asaas, que oferece o mesmo serviço gratuito e sem intermediários.

No contrato oferecido pelo General Bank, há descrição de como a empresa pode cobrar tarifas pelos serviços. O texto é pouco claro e cheio de erros de pontuação: “A contratação da assinatura dos serviços da plataforma General Bank é necessária pois, é através dela que você será incluído no rol de usuários ativos”, diz trecho da mensagem onde a plataforma anuncia “cobranças de tarifas para a realização dos serviços”.

De fato, em uma aba de tarifas no aplicativo do General Bank consta que “saques” do banco virtual custam R$ 6,50. O “plano de assinatura”, que é imposto logo ao entrar no aplicativo e antes de fornecer uma conta bancária do Asaas ao correntista, custa R$ 45 na lista de “taxas”. Há, ainda, um alerta: “Primeiras 30 transações gratuitas, após aplica-se a taxa estipulada”.

Apesar de a conta e todos os serviços serem do Asaas, a única menção à instituição financeira que provê a conta e as transações ao General Bank é em um parágrafo no meio do contrato no qual a empresa diz que “o Asaas é a instituição financeira responsável pelo provimento do Pix, ou seja, pela intermediação de transações Pix realizadas na plataforma”

Apesar de dizer em diversos vídeos nas redes sociais que “criou” o banco General Bank por insatisfação com os principais bancos do país, Marçal disse que “nunca lançou” o banco quando questionado por jornalistas durante agenda de campanha nesta segunda-feira (2/9).

“Na verdade é um MVP, mínimo viável de um produto. Eu nunca lancei esse banco. Você não vai achar nenhum vídeo do lançamento. Está sendo testado. Tá tudo certo”, afirmou o candidato durante uma caminhada em Moema, zona sul de São Paulo.

 

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