Por Julia Chaib e Victoria Azevedo
(Folhapress) — O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), se reuniu novamente com o presidente Lula (PT) para tratar da eleição da Casa, após ter se encontrado recentemente com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O encontro ocorreu na noite desta segunda-feira (2) no Palácio da Alvorada.
Lira esteve com Lula na semana passada e com Bolsonaro neste domingo (1º). Nas duas ocasiões, segundo relatos, o presidente da Câmara apresentou um panorama sobre as atuais candidaturas à sua sucessão na Casa.
Lira e a sucessão na Câmara
De acordo com três interlocutores do deputado, ele pretende anunciar nesta semana o nome do parlamentar que apoiará na disputa.
O presidente da Câmara não pode se reeleger e tenta transferir seu capital político a um nome de sua escolha. Ele havia estabelecido o mês de agosto para anunciar quem seria o seu candidato, mas adiou diante da falta de consenso. Ele já afirmou publicamente querer lançar um deputado que consolide apoio do PL de Bolsonaro ao PT de Lula — as duas maiores bancadas da Câmara.
Hoje, são candidatos os líderes Antonio Brito (PSD-BA), Elmar Nascimento (União Brasil-BA) e Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL), além do presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira (SP).
Desses nomes, Elmar é o mais próximo de Lira. Como a Folha mostrou, diante da sinalização de que o alagoano escolheria Elmar, uma ala da Câmara lançou uma ofensiva contra a candidatura do líder do União Brasil e passou a costurar uma aliança entre os outros três candidatos — já que eles integram o mesmo bloco na Casa.
A costura envolveu membros do PT e levou a uma conversa entre Marcos Pereira e o presidente do PSD, Gilberto Kassab, na sexta-feira (30). Apesar disso, nenhum postulante demonstrou que abrirá mão de concorrer neste momento.
A eleição para o comando dos deputados ocorrerá só em fevereiro, mas na prática a campanha já começou. Por ora, não há consenso em torno de nenhum dos aspirantes ao comando da Câmara e o cenário é incerto.
Apesar de deputados afirmarem que a tendência hoje é Lira indicar apoio a Elmar, o próprio alagoano disse a interlocutores ter dúvidas sobre a viabilidade do aliado, já que o nome dele enfrenta resistência entre parlamentares e membros do governo federal — há uma avaliação de que o líder do União Brasil não tem votos suficientes para ser eleito.
A falta de consenso em torno de um candidato e as resistências a Elmar foram os principais motivos que levaram Lira a adiar o anúncio de sua escolha. Há aliados do presidente da Câmara que defendem, inclusive, que ele não faça nenhum movimento neste momento e espere para anunciar um nome que seja consenso mais adiante, diante do risco de se desgastar ao apostar numa candidatura que não prospere.
Mais cedo nesta segunda, Lira se reuniu com parlamentares da diretoria da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária), uma das principais forças do Congresso (com cerca de 300 deputados), para tratar da disputa pela presidência da Câmara.
De acordo com relato de um participante do encontro, Lira apresentou um panorama das candidaturas, indicando quais os pontos positivos e negativos de cada uma delas. O presidente da Câmara também reforçou que gostaria que houvesse um consenso em torno de um único nome.
Esse integrante da bancada ruralista diz que a FPA ainda não definiu qual candidato irá apoiar, mas afirma que a frente parlamentar deve “lealdade” a Lira, por enxergar nele um aliado na pauta de interesse do setor.
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