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Organizações repudiam violência contra os Guarani-Kaiowá

Nota foi emitida após assassinato de Neri Guarani-Kaiowá no município de Antônio João (MS)
19/09/2024 | 09h51

Por Carolina Bataier — Brasil de Fato

Após o assassinato de um jovem indígena, na manhã da quarta-feira (18) no município de Antônio João (MS), coletivos e organizações publicaram uma nota em solidariedade aos Guarani-Kaiowá que manifesta repúdio à violência contra os indígenas. Neri Guarani-Kaiowá, de 22 anos, foi assassinado com tiro na cabeça em uma área de retomada, durante uma ação da Polícia Militar do Mato Grosso do Sul.

As agressões começaram na noite de quinta-feira (12), quando os indígenas retomaram a fazenda Barra, sobreposta à Terra Indígena NhandeRu Marangatu. Eles foram atacados pela PM, que fazia a proteção da propriedade. Três pessoas foram baleadas e uma delas foi hospitalizada.

Em Douradina, a cerca de 180 quilômetros de Antônio João, os Guarani-Kaiowá também convivem com a violência, na retomada do território ancestral Panambi Lagoa-Rica.

Confronto com a PM na Fazenda Barra deixou jovem indígena morto (Foto: Reprodução vídeo)

Onda de violência atinge terra Guarani-Kaiowá

“Nós, signatários desta nota, exigimos que as autoridades do Estado brasileiro, governo e Judiciário, priorizem a proteção das comunidades indígenas para evitar mais derramamento de sangue nesta terra”, ressalta a nota. O documento questiona a ação da Justiça, que “não pode ser omissa numa batalha desigual em que apenas indígenas são assassinados, enquanto executores e mandantes são impunes”.

Segundo o texto, a recorrente onda de violência e violações de direitos contra povos indígenas Guarani-Kaiowá no Mato Grosso do Sul é inaceitável.

“Desde julho deste ano, já são 10 pessoas feridas por fazendeiros que reivindicam a área. As comunidades são atacadas constantemente, com tiros, atropelamentos, envenenamento dos rios, além de queimarem as casas de reza, representação cultural e espiritual dos povos”, ressalta a nota.

A fazenda Barra está sobreposta ao território indígena. A demarcação da TI em questão ocorreu em março de 2005, porém uma decisão liminar do então ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim, suspendeu a demarcação logo em seguida. A fazenda está sob posse de Roseli Ruiz, cuja filha, Luana Ruiz, é advogada e assessora especial da Casa Civil do Governo Estadual do Mato Grosso do Sul.

Ao todo, 96 coletivos e organizações assinam o documento, entre elas a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e diversos movimentos de luta pela terra e pelos direitos humanos.

 

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