O debate sobre o impacto das bets na sociedade ganha espaço nas redes sociais, com uma mudança no rumo se compararmos com debates outrora feitos sobre esse tema.
Alguns pontos são marcantes nessa mudança de rumo, como uma espécie de força-tarefa para propor e defender a regulamentação das apostas, presente em 30% das publicações analisadas que mencionam o tema no Facebook/Instagram nos últimos sete dias.
A ênfase está nas medidas governamentais para enfrentar o crescimento descontrolado e os impactos sociais negativos das apostas, com destaque para ações recentes do Ministério da Fazenda para controlar o mercado e proteger os consumidores.
Em outra frente, o endividamento familiar (25%) e a dependência psicológica (15%) gerada pelas apostas tratam do vício em jogos de azar e de como isso afeta diretamente a saúde mental dos apostadores e suas famílias, com consequências devastadoras, como separações e perda de bens, o que agrava ainda mais a situação econômica.
Muitos usuários mencionam o aumento do endividamento, com relatos de uso de empréstimos consignados e poupanças para continuar jogando, especialmente entre pessoas de baixa renda, gerando uma crise para diversas famílias.

Ao analisarmos os comentários realizados em portais de imprensa no Instagram sobre as bets, uma série de usuários relatam e/ou comentam sobre os impactos das bets e dos jogos de azar nas família e na sociedade
Denúncias criminais também fazem parte do debate, representando 20% das publicações. Casos de investigações policiais envolvendo figuras públicas e influenciadores mostram como essas plataformas podem ser usadas para movimentar dinheiro de forma ilícita, levantando preocupações sobre a falta de controle no setor.
Por fim, 10% das publicações tratam da participação de influenciadores na promoção de apostas e o papel da publicidade são discutidos, com críticas à forma como essas figuras públicas incentivam o uso de plataformas de apostas.
Não é a primeira vez que a realidade nos impõe a necessidade de debatermos o papel da figura “influenciadores digitais” na sociedade e, ainda que de maneira velada — uma vez que impacta a renda de muitos atores centrais nas redes sociais — a responsabilidade desses influenciadores reverbera sim entre usuários, sugerindo a demanda por uma maior regulamentação sobre como essas promoções são feitas.
Obviamente, esse debate não partirá destes mesmos atores que hoje lucram com esse tipo de atividade. Em cenários como esse a necessidade de uma proatividade do poder público e da sociedade civil organizada se faz ainda mais gritante.
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