Por João Pedro Pitombo
(Folhapress) — A Polícia Federal prendeu na manhã deste sábado (28) a primeira-dama de João Pessoa, Lauremília Lucena, esposa do prefeito Cícero Lucena (PP).
A prisão aconteceu no âmbito da terceira fase da Operação Território Livre, que investiga o envolvimento de facções criminosas na eleição da capital paraibana e o aliciamento violento de eleitores.
Em nota, o prefeito Cícero Lucena se disse alvo de “um ataque covarde e brutal, ardilosamente arquitetado por seus adversários às vésperas da eleição”. Também disse que se trata de uma “prisão política”, informou que Lauremília não teme as investigações e demonstrará na Justiça que é vítima de perseguição.
Ao todo foram cumpridos dois mandados de prisão e dois de busca e apreensão. Além da primeira-dama, também foi presa Tereza Cristina Barbosa Albuquerque, que atuava como assessora da esposa do prefeito.
A atual fase da operação, batizada de Sementem, é resultado da análise do material apreendido nas duas fases anteriores da operação e, segundo a PF, tem como objetivo complementar as provas de materialidade, autoria e circunstâncias dos crimes investigados.
O prefeito Cícero Lucena afirmou que há um uso político de instituições com o objetivo de influenciar a campanha eleitoral em João Pessoa. E acusou os adversários de divulgar inverdades sobre Lauremília, com o intuito de “manchar a honra de uma mulher íntegra, respeitada e querida pelo povo paraibano”.
“Lauremília tem residência fixa e jamais se recusaria a prestar depoimento ou esclarecer quaisquer fatos. Houve o uso de força desproporcional, já que ela sequer foi convocada para prestar depoimento. Claramente, os adversários de Cícero estão utilizando todos os meios para conquistar o poder a qualquer custo, sem respeito à sua família ou à cidade de João Pessoa”, afirmou.
Primeira-dama gerenciava contratações na Prefeitura de João Pessoa
A primeira fase da Operação Território Livre foi deflagrada no início do mês e cumpriu três mandados de busca e apreensão no bairro São José, periferia de João Pessoa.
Foram apreendidos na operação R$ 35 mil em dinheiro, celulares, documentos com dados pessoais de diversas pessoas que não moravam no local da busca, além de contracheques de funcionários da prefeitura.
Na segunda fase, foi presa a vereadora Raíssa Lacerda (PSB), aliada do prefeito Cícero Lucena, de quem foi secretária municipal de Cidadania e Direitos Humanos.
Em inquérito que investiga ações de aliciamento violento de eleitores, Lauremília apontada pela Polícia Federal como a responsável por gerenciar os pedidos dos cargos e contratações na Prefeitura de João Pessoa. Ela não tem cargo oficial na Prefeitura de João Pessoa.
As investigações sobre o aliciamento violento de eleitores ganharam o centro do debate eleitoral na capital paraibana. Opositores acusam a gestão do prefeito e candidato à reeleição Cícero Lucena de ter relação com o crime organizado.
Candidatos de oposição afirmaram terem sido barrados em atividades de campanha em algumas comunidades. Em 15 de agosto, o deputado federal e candidato a prefeito Ruy Carneiro registrou um boletim de ocorrência no qual relata que suspendeu uma atividade de campanha no bairro do Cristo Redentor após ameaças de criminosos.
Em entrevista, Ruy Carneiro relatou outros casos de ameaças, incluindo uma apoiadora que foi avisada por criminosos que seria expulsa do bairro caso gravasse uma propaganda a seu favor.
O prefeito lamentou a atitude dos adversários e disse que eles estão unidos em um posicionamento antagônico às tradições democráticas da Paraíba.
“Mais uma vez nossos adversários tentam manchar minha imagem e, pior, a imagem da nossa cidade. João Pessoa é morada de um povo pacífico e ordeiro, uma terra de gente de bem, onde todas as eleições sempre foram tranquilas”, afirmou.
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