Por Julia Chaib
(Folhapress) — O candidato Igor Normando (MDB) enfrentará o delegado Éder Mauro (PL) no segundo turno da eleição para a Prefeitura de Belém, em disputa marcada pela derrota do atual prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL). A votação final está agendada para 27 de outubro.
Com 92,72% das seções eleitorais totalizadas, Igor tinha 44,66% dos votos válidos e Eder Mauro, 31,54%. O prefeito Edmilson Rodrigues registrava 9,87% dos votos.
Igor, apoiado pelo governador Helder Barbalho (MDB), de quem é primo de segundo grau, foi lançado em março deste ano na disputa. Ele conseguiu se consagrar favorito graças à popularidade do governador, avaliado positivamente por 67% da população, segundo a última pesquisa Quaest.
Já o deputado Delegado Éder Mauro (PL) tem o apoio de Jair Bolsonaro (PL) e contou com a mobilização do ex-presidente e de aliados na capital paraense, além da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que esteve em Belém para ato em apoio a Éder.
O deputado atraiu votos bolsonaristas e tentou suavizar sua imagem — considerada truculenta — durante a campanha, com o objetivo de angariar eleitores de direita, mas moderados.
Também foram derrotados os candidatos Jefferson Lima (Podemos), Thiago Araújo (Republicanos) e Delegado Eguchi (PRTB).
Pesquisas apontam que Igor vence Éder no segundo turno, marcado para 28 de outubro.
O atual prefeito, Edmilson Rodrigues (PSOL), já aparecia na terceira posição, de acordo com as últimas sondagens eleitorais, o que foi consolidado neste domingo.
Gestor de Belém pela terceira vez, Edmilson teve o apoio comedido do presidente Lula (PT), mas enfrentou uma série de desgastes no seu último mandato. Eleito durante a pandemia da Covid-19, o integrante do PSOL contraiu a doença duas vezes e ficou em estado grave.
Segundo aliados, ele precisou remanejar dinheiro de diversas áreas para a saúde, o que acabou prejudicando o cofre da cidade. Edmilson também culpou a gestão Bolsonaro por dificultar repasses a Belém.
O principal problema que enfrentou, porém, foi a crise tanto da coleta quanto da distribuição do lixo na capital paraense. A crise existia desde a gestão anterior, mas foi agravada durante o mandato de Edmilson.
O prefeito resolveu fazer uma licitação para trocar a empresa que geria o lixo na cidade num processo que acabou arrastado diante de várias decisões judiciais. Edmilson afirma que, enquanto a escolha da nova companhia não era concretizada, a firma responsável pela área interrompeu a coleta do lixo no município, provocando o acúmulo de resíduos em diversos pontos da cidade.
Neste ano, a situação foi amenizada com a escolha de uma nova empresa, mas o problema não foi totalmente resolvido. Antes, o destino dos resíduos domésticos era um lixão em Ananindeua, cidade conurbada. Agora, o lixo vai para um aterro Marituba, cidade vizinha, que já está saturado.
Como mostrou a Folha de S.Paulo em agosto, 12% dos moradores de Belém não contam com coleta regular de lixo em pelo menos um dia da semana e 80% não são atendidos por coleta de esgoto.
Além disso, mais da metade da população vive em áreas classificadas como favelas, sem acesso a serviços básicos.
A produção de lixo por pessoa é superior à média no país, conforme dados do SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento), do Ministério das Cidades. Enfrentar esses problemas serão dois dos principais desafios para o próximo prefeito.
Outro desafio será concluir as seis obras de responsabilidade da Prefeitura que precisam ficar prontas até novembro, para receber a COP 30.
São elas: a macrodrenagem da bacia hidrográfica do igarapé Mata Fome, a duplicação da avenida Bernardo Sayão, a revitalização do mercado do Ver-O-Peso e do mercado de São Brás.
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