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CEO da Estante Virtual diz que, após mudanças, site não perdeu o ‘interesse dos livreiros’

ICL Notícias entrevistou a CEO da Estante Virtual, Christiane Bistaco
08/10/2024 | 18h40

Por Gabriel Gomes*

Em reportagem publicada na manhã desta terça-feira (8) no portal ICL Notícias, livreiros de diferentes regiões do país manifestaram reclamações sobre mudanças implementadas no site da Estante Virtual após a aquisição pelo Magazine Luiza.

Alguns chegaram a registrar, nos últimos meses, queda de até 80% nas vendas feitas pelo site, o que tem ameaçado, inclusive, a sobrevivência de muitos sebos. Ao longo dos anos, a Estante Virtual se tornou peça fundamental para a sobrevivência de livrarias por todo o país.

Após a publicação da matéria, o ICL Notícias entrevistou a CEO da Estante Virtual, Christiane Bistaco. Segundo ela, as mudanças, que ainda estão acontecendo, mudaram a “lógica” das buscas realizadas no site.

De acordo com Christiane, as modificações no site, que tinha a mesma tecnologia desde a sua fundação, em 2005, foram focadas na experiência do consumidor final e não afastaram o interesse dos livreiros. Ela diz que o número de livreiros ativos é maior após as mudanças.

Após a venda para a Magalu, o site passou por diversas mudanças em termos de estruturação, layout e na ferramenta de busca. (Foto: Reprodução)

Veja a entrevista com Christiane Bistaco, CEO do Estante Virtual:

ICL Notícias – Nós recebemos diversas reclamações de livreiros de todo o país sobre as mudanças realizadas na plataforma do Estante Virtual em termos de estruturação, layout e na ferramenta de busca. Qual é o posicionamento da empresa a respeito desses relatos?

Christiane Bistaco – Nós, desde a aquisição, temos feito algumas mudanças na plataforma da Estante Virtual, que era de 2005. Tinham códigos ali escritos pelo fundador naquela época, o que não é um problema. Mas a tecnologia tem uma evolução muito forte e aí a gente estava com uma plataforma com muito legado (desatualizada). A gente não conseguia colocar algumas funcionalidades que são absolutamente comuns hoje, como o Pix. Precisamos fazer um upgrade nela para oferecer novas funcionalidades.

Havia ocasiões em que a plataforma também ficava indisponível. Em junho, por exemplo, nós subimos um aviso no site de que a plataforma estava indisponível. Até por uma adequação às políticas de privacidade e à LGPD, também, a gente tinha uma necessidade muito grande de fazer um upgrade dessa plataforma.

Obviamente, na hora que a gente faz isso, não é uma mudança trivial, nós estamos falando de 25 milhões de livros que estão disponibilizados no acervo e 19 anos de evolução. Nós fomos fazendo melhorias para a plataforma responder, principalmente ao mercado, ao nicho de livros. A Estante Virtual é a maior plataforma dedicada a livros. Na hora que a gente faz essa migração, é muito difícil. Pra mim, pessoalmente, foi, talvez, a migração mais difícil, pois a gente não podia colocar um tapume no site, tivemos que trocar o pneu com o carro andando.

A gente sabe que tem muitos livreiros que dependem até exclusivamente da Estante Virtual, então tivemos que mudar com o carro andando. Quando acontece uma mudança dessa dimensão, que começou no dia 5 de agosto, você tem um período de adaptação, que é difícil, mas nós não ficamos fora do ar. A gente fez muitas melhorias com sugestões dos livreiros, a gente faz encontros digitais e, eventualmente, presenciais. Desde a aquisição, nós passamos a fazer um trabalho de investir novamente no branding da Estante Virtual, também.

Pra mim, a mensagem é: nós fizemos essas mudanças para melhor, o que demonstra um compromisso muito forte do Magalu com a Estante Virtual, com o negócio. Nós estamos trabalhando muito forte para melhorar algumas questões e estamos sempre ouvindo os livreiros, que são nossos parceiros. O que nos deixa felizes é que não perdemos o interesse dos livreiros, continuamos com uma base de livreiros até um pouco maior, após a migração.

E a ferramenta de buscas?

O que acontece, é que com a nova forma de busca, a gente acaba despriorizando um pouco, por exemplo, livros que estão sem capa porque a gente não pode cadastrar pelo livreiro. Quando a gente fala de livro usado, cada livro é único, tem o estado de conservação. A gente está trabalhando muito forte, também, para conversar com os nossos livreiros, que a nova lógica é essa. Óbvio que a lógica também tem que ser refinada porque é uma nova tecnologia de inteligência artificial, elas tem um tempo de adaptação.

Muitos livreiros relataram, também, uma queda nas vendas, chegando a até 80% em alguns casos. Você também registraram essa queda nas vendas do site, de modo geral?

A gente teve um momento de queda nas vendas, mas muito longe dos números que foram apresentados na matéria, o que, eventualmente, não quer dizer que alguns livreiros não podem ter sofrido uma queda maior, aí a gente está acompanhando essas mudanças com esses livreiros. Mas, é muito do que eu falei, como a lógica mudou, em algum momento, pode ser que algum livreiro deixe de ser priorizado por uma lógica diferente de busca, da priorização de livros que tem foto…

Uma outra coisa é que agora o livreiro pode colocar mais de uma foto. Na plataforma anterior, era possível inserir apenas uma foto, e essa mudança foi feita há uma semana. Então, não quer dizer que um ou outro livreiro não possa ter sentido uma queda maior nas vendas, mas não é o nosso cenário geral. Em termos de livreiros ativos, que venderam pelo menos um livro na nossa plataforma, nós tivemos, inclusive, um melhor número agora em 2024. Isso demonstra que estamos movimentando um pouco mais de livreiros, as vendas estão sendo movimentadas para um número maior de livreiros.”

Uma preocupação demonstrada pelos livreiros é de que o site possa vir a vender outros produtos, deixando de focar nos livros. Há essa possibilidade? É esse o projeto para a Estante Virtual?

Hoje, não é uma estratégia que nós temos. A gente entende que a Estante Virtual é o destino para busca de livros. Nós abrimos, há pouco mais de um ano, a disponibilidade de venda de discos de vinil, que não é o grande foco. Isso foi feito após uma pesquisa com os livreiro e 70% tinham o interesse de vender os discos de vinil.

Mas basta olhar o site para ver que a gente prioriza os livros. A gente prioriza os livros usados, inclusive. Antes, eram mostrados os livros novos e usados juntos e hoje, quando você entra, os usados estão sempre na frente, pois nós entendemos que é o diferencial da Estante Virtual. O cliente final ama a Estante porque ele sabe que ali está ajudando pequenos empresários, ajudando a economia circular e a gente entende que esse é o nosso lugar.

 

*Gabriel Gomes é estagiário, sob supervisão de Chico Alves

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