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83% dos prefeitos negros são de centro ou direita no Brasil

49% são centristas, 34% são direitistas, e 17% são esquerdistas, segundo levantamento da Folha de São Paulo
09/10/2024 | 19h08

Por Natália Santos e Nicholas Pretto

(Folhapress) — A maior parte dos políticos negros — incluindo prefeitos — que foram eleitos no domingo (6) para comandar prefeituras pelo país são de centro ou direita, mostra um levantamento feito pela Folha de S. Paulo. Ao todo, 49% são centristas, 34% são direitistas, e 17% são esquerdistas.

O grupo de negros é formado por aqueles que se declararam pretos e pardos à Justiça Eleitoral. Mesmo quando se olha essas duas faixas com recorte específico, os números são iguais aos do recorte mais geral.

No caso dos brancos, 52,6% são do centro, enquanto 35,7% estão na direita e 12% se situam na esquerda.

Já os únicos nove indígenas eleitos para prefeituras se dividem igualmente pelo espectro político, com três políticos (33%) em cada um deles.

Os prefeitos foram classificados pelo GPS Partidário, métrica desenvolvida pelo jornal para posicionar partidos, políticos e frentes parlamentares no espectro ideológico.

Do total de eleitos para comandar municípios pelo país, os negros são 33,6%. Ao todo, são 1.841 chefes do Executivo negros, sendo 127 pretos e 1.714 pardos.

Mais de 480 cidades vão ser comandas por negros pela primeira vez desde 2016, quando a declaração de raça passou a ser coletada pelo TSE.

Proporção de prefeitos negros teve aumento

A proporção de prefeitos negros eleitos teve um aumento de dois pontos percentuais em relação à eleição anterior. Em 2020, dos eleitos no primeiro turno, 32% eram negros; em 2016, representavam 29%.

Mas os prefeitos brancos ainda são a maioria, com 65,7% dos eleitos. Amarelos e indígenas respondem por 0,2%, cada um, das vagas no principal cargo dos Executivos municipais.

Os resultados municipais dessa primeira etapa de votação não se aproximam da realidade racial brasileira. A população do Brasil é composta por 55,5% de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas e 43,4%, brancas, de acordo com dados do Censo 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Indígenas e amarelos representam, respectivamente, 0,6% e 0,4%.

O número de prefeitos negros, entretanto, pode aumentar no segundo turno, marcado para 27 de outubro, e alcançar o patamar de 1.845 nomes. Isso porque, segundo análise da Folha de S. Paulo, quatro cidades cidades terão a disputa entre negros competindo por uma vaga nos Executivos municipais.

É o caso de Olinda (PE), em que a segunda rodada de votação terá a disputa entre Vinicius Castello (PT), que se declara preto, e Mirella (PSD), que se declara parda. No primeiro turno, Castello saiu em vantagem com 38,7% dos votos, enquanto Mirella teve 30%.

No primeiro turno, Castello saiu em vantagem com 38,7% dos votos, enquanto Mirella teve 30%. (Foto: Divulgação)

Outro cenário que pode aumentar a quantidade de prefeitos negros acontece em outros 17 municípios, que terão o segundo turno entre brancos e negros.

As cidades Rio Branco, Boa Vista e Maceió são as únicas capitais com prefeitos negros até o momento. O quadro pode mudar no segundo turno, quando haverá disputa em oito capitais entre candidatos brancos e negros.

 

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