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Carlos Bolsonaro apresenta programa de leitura de Literatura Clássica nas escolas do RJ

Nas redes, ele argumentou que literatura clássica é demonizada pela esquerda como 'racista, machista, colonialista'
11/10/2024 | 09h46

Vereador na Câmara Municipal do Rio, Carlos Bolsonaro (PL) propôs a criação do Programa Clube de Leitura de Literatura Clássica nas escolas municipais da cidade. Segundo ele, o objetivo é promover a leitura de grandes obras da literatura brasileira e mundial, incentivando o desenvolvimento crítico e criativo dos alunos. O programa será implementado nas unidades escolares da Secretaria Municipal de Educação (SME), com reuniões periódicas e voluntárias realizadas no contraturno das aulas, sob orientação de professores ou bibliotecários.

“A ideia é oferecer aos alunos um espaço para explorar as grandes obras da literatura, estimulando sua imaginação e promovendo uma formação educacional mais crítica”, explica o vereador Carlos Bolsonaro, autor da proposta.

Na verdade, esse é mais um capítulo da guerra ideológica que os bolsonaristas travam contra a esquerda. Em postagem nas redes sociais, Carlos Bolsonaro argumenta que a literatura clássica é hoje “amplamente demonizada pela esquerda como ‘racista, machista, colonialista, etc.”, algo que ele afirma serem “mentiras grosseiras”.

Alguns autores clássicos passaram a ser criticados nos últimos tempos por difundirem conceitos comuns à sua época, mas que hoje são considerados preconceituosos. O objetivo é evitar que esse preconceito continue a ser disseminado.

Ao mesmo tempo, desde 2018 governadores e prefeitos bolsonaristas tentaram censurar livros que consideram “imorais”, “indecentes” ou propagadores do que acreditam ser a ideologia da esquerda.

Detalhes do programa

O Clube de Leitura de Literatura Clássica será formado por alunos inscritos voluntariamente, com apoio de professores ou bibliotecários que atuarão como mediadores sem acréscimo de remuneração. A literatura clássica, definida como obras de grande relevância histórica e estética, será o foco das leituras, debates e atividades realizadas pelos participantes.

“A leitura de clássicos como ‘Dom Quixote’ e ‘O Pequeno Príncipe’ permite aos jovens refletirem sobre valores humanos e dilemas éticos”, destaca Carlos Bolsonaro, para quem essas narrativas são importantes no desenvolvimento emocional e intelectual dos alunos.

Incentivos e resultados esperados

Entre os incentivos previstos, o programa contará com um sistema de reconhecimento para os alunos mais engajados, oferecendo certificados, prêmios simbólicos e oportunidades de liderança. Além disso, serão realizados concursos literários e desafios de leitura com premiações em diversas categorias.

Serão realizados concursos literários e desafios de leitura com premiações em diversas categorias

“Queremos que os alunos vejam a leitura como uma ferramenta para o futuro, seja em suas vidas pessoais ou profissionais. A literatura é capaz de enriquecer seu imaginário e fornecer as bases para enfrentar desafios com uma visão mais crítica e humana”, afirma o autor do projeto.

O projeto também inclui ações para envolver os pais e responsáveis, além de estabelecer parcerias com empresas locais, livrarias e editoras para oferecer benefícios aos participantes.

Casos de censura de livros por bolsonaristas

A Secretaria de Educação de Santa Catarina censurou, em novembro do ano passado, nove livros escolares que até então estavam à disposição de alunos de colégios em Florianópolis. O governo alegou que são “obras violência em regimes autoritários e que tratam do nazismo”.

Segundo ofício da secretaria, o material deve ser armazenado em “local não acessível à comunidade escolar”.

Foram vetados pela administração estadual os livros “Laranja Mecânica”, de Anthony Burgess, sob a justificativa de que “trata da violência em regimes autoritários”, e “Diário do Diabo”, que revela os segredos de Alfred Rosenberg, o maior intelectual do nazismo e homem de confiança de Adolf Hitler. “A química entre nós”, livro sobre romance entre duas adolescentes também foi censurado.

No Paraná, a Secretaria da Educação do estado anunciou em março que iria recolher todos os exemplares do livro “O avesso da pele”, premiado romance de Jeferson Tenório, das escolas públicas da capital do estado. O livro entrou na mira da extrema direita depois que a diretora de um colégio no interior do Rio Grande do Sul criticou a inclusão da obra no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), embora ela própria tenha feito a escolha para sua cidade, Santa Cruz do Sul, e pediu seu recolhimento das bibliotecas do município.

A decisão da secretaria foi revertida e as vendas do livro na Amazon aumentaram 1.400%.

Em junho, a prefeitura de São José dos Campos–SP recolheu a obra “Mulheres sonhadoras, mulheres cientistas”, composta por dois livros, das escolas e bibliotecas do município. Escritos por Flávia Martins de Carvalho, juíza que atua na luta pela equidade racial, os livros falam sobre o legado de personalidades de diversos campos de formação.

Na lista estavam 20 nomes relevantes no país, como Sueli Carneiro, Lélia Gonzalez, Dorina Nowill, Débora Diniz e Marielle Franco. Por meio da poesia e das ilustrações, a obra trata dos desafios e conquistas dessas mulheres.

Depois da repercussão negativa, a decisão foi revogada.

 

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