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Boulos: a coragem e a dignidade venceram a eleição

Seu último lance, ao contrário dos que agora lhe apontam o dedo como um gesto de censura, foi o mais espetacular
26/10/2024 | 19h53

Por Fabio Pannunzio

Escrevo este texto 24 horas antes do fechamento das urnas. Não sei, portanto, quem ganhou e quem perdeu a eleição. Mas para o que pretendo discorrer, o resultado é irrelevante.

Ainda que venha a ser derrotado nas urnas — é este o cenário mais provável –, Boulos foi um gigante. Ele defendeu com dignidade não apenas seu desejo de se tornar prefeito de São Paulo — defendeu com garra e obstinação todo o campo progressista, estéril de novas lideranças.

Guilherme Boulos foi atrás de cada voto que teve. Nada lhe custou barato. Nada veio de graça. Ele não cochilou, não poupou esforços, fez tudo o que devia para tentar virar uma desvantagem que apenas o preconceito e as mentiras ditas e repetidas conta ele explicam.

Foi a eleição mais suja e cheia de trambiques deste século. Nada poderia ter sido mais venenoso do que as falsificações e aleivosias de Pablo Marçal e mentiras de Ricardo Nunes.

Poucos, em seu lugar, teriam tido a sobriedade e a lucidez que ele teve quando precisou se defrontar com laudos falsos e com os xingamentos torpes que suportou com galhardia.

Boulos é o inquestionavelmente o melhor candidato, o mais preparado, o mais maduro entre todos os que se apresentaram para a disputa. Percorreu todos os quadrantes da cidade, dormiu na casa dos eleitores, trabalhou de sol a sol.  É nele que os progressistas deste País devem apostar para representar a esquerda nas próximas década.

Seu último lance, ao contrário dos que agora lhe apontam o dedo como um gesto de censura, foi o mais espetacular: ocupar o espaço franqueado pelo venal Pablo Marçal para tentar falar com quase dois milhões de eleitores que, de outra forma, ele não alcançaria. Não sei se isso lhe trará proveito, mas abrir mão dessa oportunidade seria burrice ou excesso de vaidade.

A internet é um multiverso de bolhas isoladas no tempo e no espaço, hermeticamente isoladas do pensamento contraditório. Os eleitores de Pablo Marçal, mesmerizados pela estupidez e pelos valores degenerados de seu guru, tiveram ao menos a chance de acordar do pesadelo em que se encontram imersos. Se isso vai ocorrer ou não, as urnas dirão.

Próceres da esquerda, presos aos paradigmas ideológicos do tempo da Cortina de Ferro, não poderiam mesmo entender o sentido dessa concessão. Estão agora a dizer que Boulos anistiou os crimes de Marçal e o legitimou como político. Não é verdade. Marçal foi legitimado por 1,7 milhão de eleitores que lhe deram o voto.

Também não procede o argumento dos que temem o coach em 2026. Ele não virá, pois a peçonha da campanha há de lhe cassar os direitos políticos por muitos e muitos anos.

Esteja certo de que Boulos venceu — se não a eleição, ao menos o embate travado com gente tão desonesta e desleal como Ricardo Nunes e Pablo Marçal.

Pois que venha logo 2026, quando quero encontrá-lo na urna para dar-lhe meu voto a qualquer cargo que concorra.

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