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Economia

Efeito Trump: por que o dólar disparou com a vitória do republicano

As taxas de juros mais altas são responsáveis pela valorização da moeda americana
06/11/2024 | 17h37

A confirmação da vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, nesta quarta-feira (06), já impactou a economia mundial, causando um aumento expressivo nos juros futuros e consequentemente gerando uma alta no valor do dólar. A informação é da jornalista Bruna Miato, do G1.

Os juros futuros são uma indicação da expectativa que o mercado financeiro projeta sobre a taxa básica de juros dos EUA, que é definida pela pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Graças a eles, é possível medir o rendimento das “Treasuries” — títulos públicos americanos.

Investir nos “Treasuries” é considerado como um dos investimentos mais seguros do mundo, por isso, os que têm rentabilidade mais alta atraem muitos investidores, fortalecendo o dólar.

Na manhã desta quarta-feira (06), o rendimento dos “Treasuries” de 10 anos teve a maior alta dos últimos 10 meses, na casa dos 4,47%. Na última semana, quando a vitória de Trump era apenas uma expectativa do mercado, o título havia atingido a marca de 4,388%.

Além do rendimento de 10 anos, os “Treasuries” de 2 anos também avançaram, chegando a  4,31%.

Efeitos da economia de Trump

As medidas de Trump incentivam o aumento de juros (Foto: Reprodução/Redes sociais)

A agenda econômica de Donald Trump prevê um maior protecionismo da indústria americana, aumentando as tarifas de produtos importados. Isso faz com que os juros futuros cresçam.

Como resultado, um endurecimento da guerra comercial com a China e uma redução das exportações de outros países emergentes — que são importantes parceiros comerciais americanos, como Brasil e México — pode surgir.

“Já havia um impacto da percepção do risco de vitória do Trump, com a expectativa de que ele possa colocar tarifas de importação. Exportadores de commodities, como o Brasil, também podem ser afetados”, diz Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo Corretora.

Preços mais altos poderiam gerar uma inflação na economia americana, que forçaria o Fed a manter os juros mais altos para poder controlar os preços. As taxas atuais estão entre 4,75% e 5% ao ano. As “Treasures” indicam que é esperado que os juros fiquem mais altos por mais tempo.

O mercado também espera uma menor arrecadação dos EUA devido à diminuição de impostos para as empresas americanas. Em teoria, menos impostos segurariam o preço dos produtos nacionais, contudo, sempre há a possibilidade dos empresários transformarem o desconto em lucro.

Outro fator que aumenta os juros futuros é o medo de que a arrecadação federal diminua a capacidade do governo de cobrir pagamento de dívidas.

“Desta forma, investidores farão a opção de investir nos EUA com as taxas das treasuries (títulos públicos americanos, considerados os mais seguros do mundo) mais altas”, diz Alexandre Viotto, chefe da mesa de câmbio da EQI Investimentos.

Desvalorização do real

A forma como o governo brasileiro leva as contas públicas é um fator que deixa os investidores com o pé atrás. O real se desvalorizou bastante, após o governo não anunciar medidas de corte de gastos para controlar a dívida pública brasileira.

Gastos públicos elevados fazem os investidores desconfiarem da capacidade do país de conseguir arcar com as dívidas a longo e médio prazo.

Esse risco cria a possibilidade dos investidores precisarem enfrentar juros mais altos para trazer seus recursos para o Brasil. Como resultado, o Brasil perdeu investimento, enfraquecendo o real.

Agora, os investidores esperam o anúncio do Comitê de Política Monetária (Copom) que dirá qual a nova taxa básica de juros do Brasil. Se espera uma alta de 0,50 ponto percentual, levando o juro brasileira a 11,25% ao ano.

“Estamos em vias de um anúncio de política monetária que certamente irá no sentido de apertar ainda mais os juros no campo doméstico, mantendo o Brasil como uma praça atrativa mesmo em meio ao cenário de força do dólar, ganho dos treasuries e perspectiva de juros mais elevados nos Estados Unidos”, diz Pizzani, da CM Capital.

 

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