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Chico Alves

Jornalista, por duas vezes ganhou o Prêmio Embratel de Jornalismo e foi menção honrosa no Prêmio Vladimir Herzog. Foi editor-assistente na revista ISTOÉ e editor-chefe do jornal O DIA. É co-autor do livro 'Paraíso Armado', sobre a crise na Segurança Pública no Rio, em parceria com Aziz Filho. Atualmente é editor-chefe do site ICL Notícias.

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Bolsonarismo rima com terrorismo

Nem todo bolsonarista é terrorista, mas os únicos terroristas que existem no Brasil são bolsonaristas
14/11/2024 | 11h26

“Maluco”.

Foi assim que Jair Bolsonaro se referiu a Francisco Wanderley Luiz, o homem que detonou uma carga de fogos de artifícios em um carro, para logo em seguida se matar explodindo uma bomba sobre a própria cabeça, em frente ao Supremo Tribunal Federal.

Essa foi a primeira manifestação de Jair sobre o ataque, em entrevista ao colunista Igor Gadelha.

Algum tempo depois, comentou o caso com mais detalhes. O dublê de ex-presidente e articulista político da Folha de S. Paulo disse o seguinte, em trecho da postagem nas redes sociais: “Apesar de configurar um fato isolado, e ao que tudo indica causado por perturbações na saúde mental da pessoa que, infelizmente, acabou falecendo, é um acontecimento que nos deve levar à reflexão”.

Mais uma vez, Bolsonaro quis reforçar a ideia de que o suicida tinha graves problemas psiquiátricos e nenhuma motivação política. Usa a expressão “fato isolado” para tentar desvincular Francisco de seu grupo partidário, apesar de o homem ter sido candidato a vereador pelo PL.

Mesmo que o autor do ataque tivesse algum problema mental, não é difícil concluir o que o levou a escolher esse tipo de ato para manifestar seu extremismo político. Francisco Wanderley Luiz teve a cabeça feita por um tipo específico de fundamentalismo: o bolsonarismo.

Defendeu estado de sítio, participou de acampamento golpista, comparou a Polícia Federal à Gestapo, replicou as fake news de Damares Alves sobre Marajó, ameaçou os “comunistas” FHC, Sarney e Alckmin e jurou matar Alexandre de Moraes.

Ou seja: Francisco Wanderley Luiz era um bolsonarista que seguia o ideário do seu líder.

Afinal, não foi Bolsonaro que fazia plateias repetirem que a luta pela liberdade é mais importante que a vida? Pois bem: para defender sua definição canhestra de liberdade, Francisco acabou com a vida.

Em outro trecho de sua postagem, Jair escreveu o seguinte:

“Já passou da hora de o Brasil voltar a cultivar um ambiente adequado para que as diferentes ideias possam se confrontar pacificamente, e que a força dos argumentos valha mais que o argumento da força. A defesa da democracia e da liberdade não será consequente enquanto não se restaurar no nosso país a possibilidade de diálogo entre todas as forças da nação”.

Nem parece que esse belo chamado à pacificação foi feito pelo mesmo homem que do alto de um palanque gritou, simulando ter uma arma: “Vamos fuzilar a petralhada!”

Trata-se do mesmo pacifista cujos seguidores quase concluíram um atentado a bomba no aeroporto de Brasília e perpetraram o 8/1.

Não engana ninguém. O que a versão Gandhi de Bolsonaro chama de “restaurar o diálogo” é na verdade anistia para os golpistas.

Pouco tempo depois da postagem, Bolsonaro teve a resposta que merecia. Em uma solenidade, o ministro Alexandre de Moraes referiu-se ao ataque dizendo que aquele não foi um “ato isolado”. E que “crime anistiado é crime impune”.

Não se pode generalizar, nem todo bolsonarista é terrorista. Mas, sem dúvida, os únicos terroristas que existem no Brasil são bolsonaristas.

Essa é uma característica do próprio Jair, que no Exército planejou explodir quartéis.

Com todos esses extremistas, seja o “Mito” ou seus seguidores, as instituições devem agir de forma rigorosa para, através das ações, transmitirem o seguinte recado:

Aceitem a democracia.

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