“Maluco”.
Foi assim que Jair Bolsonaro se referiu a Francisco Wanderley Luiz, o homem que detonou uma carga de fogos de artifícios em um carro, para logo em seguida se matar explodindo uma bomba sobre a própria cabeça, em frente ao Supremo Tribunal Federal.
Essa foi a primeira manifestação de Jair sobre o ataque, em entrevista ao colunista Igor Gadelha.
Algum tempo depois, comentou o caso com mais detalhes. O dublê de ex-presidente e articulista político da Folha de S. Paulo disse o seguinte, em trecho da postagem nas redes sociais: “Apesar de configurar um fato isolado, e ao que tudo indica causado por perturbações na saúde mental da pessoa que, infelizmente, acabou falecendo, é um acontecimento que nos deve levar à reflexão”.
Mais uma vez, Bolsonaro quis reforçar a ideia de que o suicida tinha graves problemas psiquiátricos e nenhuma motivação política. Usa a expressão “fato isolado” para tentar desvincular Francisco de seu grupo partidário, apesar de o homem ter sido candidato a vereador pelo PL.
Mesmo que o autor do ataque tivesse algum problema mental, não é difícil concluir o que o levou a escolher esse tipo de ato para manifestar seu extremismo político. Francisco Wanderley Luiz teve a cabeça feita por um tipo específico de fundamentalismo: o bolsonarismo.
Defendeu estado de sítio, participou de acampamento golpista, comparou a Polícia Federal à Gestapo, replicou as fake news de Damares Alves sobre Marajó, ameaçou os “comunistas” FHC, Sarney e Alckmin e jurou matar Alexandre de Moraes.
Ou seja: Francisco Wanderley Luiz era um bolsonarista que seguia o ideário do seu líder.
Afinal, não foi Bolsonaro que fazia plateias repetirem que a luta pela liberdade é mais importante que a vida? Pois bem: para defender sua definição canhestra de liberdade, Francisco acabou com a vida.
Em outro trecho de sua postagem, Jair escreveu o seguinte:
“Já passou da hora de o Brasil voltar a cultivar um ambiente adequado para que as diferentes ideias possam se confrontar pacificamente, e que a força dos argumentos valha mais que o argumento da força. A defesa da democracia e da liberdade não será consequente enquanto não se restaurar no nosso país a possibilidade de diálogo entre todas as forças da nação”.
Nem parece que esse belo chamado à pacificação foi feito pelo mesmo homem que do alto de um palanque gritou, simulando ter uma arma: “Vamos fuzilar a petralhada!”
Trata-se do mesmo pacifista cujos seguidores quase concluíram um atentado a bomba no aeroporto de Brasília e perpetraram o 8/1.
Não engana ninguém. O que a versão Gandhi de Bolsonaro chama de “restaurar o diálogo” é na verdade anistia para os golpistas.
Pouco tempo depois da postagem, Bolsonaro teve a resposta que merecia. Em uma solenidade, o ministro Alexandre de Moraes referiu-se ao ataque dizendo que aquele não foi um “ato isolado”. E que “crime anistiado é crime impune”.
Não se pode generalizar, nem todo bolsonarista é terrorista. Mas, sem dúvida, os únicos terroristas que existem no Brasil são bolsonaristas.
Essa é uma característica do próprio Jair, que no Exército planejou explodir quartéis.
Com todos esses extremistas, seja o “Mito” ou seus seguidores, as instituições devem agir de forma rigorosa para, através das ações, transmitirem o seguinte recado:
Aceitem a democracia.
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