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Estagiária acusada de ataques racistas em jogos universitários é demitida

A jovem e outros quatro colegas identificados cometendo atos racistas são estudante de Direito na PUC-SP
18/11/2024 | 17h03

Tatiane Joseph Khoury, de 20 anos, estudante de direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) foi demitida do escritório de advocacia onde estagiava, segundo divulgado pelo próprio escritório Pinheiro Neto, na manhã desta segunda-feira (18).

Ela foi identificada como uma das autoras de ataques racistas e elitistas contra alunos cotistas da USP (Universidade de São Paulo).

A empresa lamentou o ocorrido e afirmou ser contra qualquer tipo de preconceito. “Informamos que a estagiária envolvida nesse episódio não integra mais o escritório”, diz a nota.

Além de Tatiane, outras quarto pessoas foram identificadas por outros estudantes, em fotos e vídeos, cometendo atos racistas durante uma partida de handebol masculino, em Americana, interior de São Paulo.

Os escritórios de advocacia Machado Meyer e Castro Barros Advogados — outros dois escritórios onde estudantes identificados estariam estagiando — já se manifestaram sobre o caso, mas ainda não tomaram nenhuma medida de fato.

O Machado Meyer informou que “fará as apurações necessárias e avaliará as medidas a serem tomadas”, enquanto o Castro Barros Advogados afirmou que “qualquer pessoa que ignore ou despreze esse fato não tem condições de fazer parte do Castro Barros”.

Tatiane Joseph Khoury (Foto: Reprodução)

Alunos da PUC cometem ataque racista

Em um vídeo divulgado nas redes sociais, é possível ver que durante a partida de handebol, alunos da PUC gritavam frases ofensivas aos alunos da USP, enquanto faziam sinal de “dinheiro” com as mãos, em alusão à situação financeira das vítimas.

Umas das testemunhas disse que os ataques eram dirigidos aos alunos negros. Segundo ela, os agressores teriam dito frases como “cotista filho da p***” e “manda o Pix da esmola”.

Segundo o G1, as parlamentares Luana Alves (vereadora na capital), Letícia Chagas (codeputada estadual) e Sâmia Bonfim (deputada federal), todas do PSOL, fizeram uma denúncia ao Ministério Público de São Paulo para que se investigue o caso.

As diretorias do Faculdades de Direito e os centros acadêmicos da PUC e da USP soltaram uma nota conjunta repudiando o ocorrido, citando o episódio como “lamentável” e se comprometendo a investigar e responsabilizar os autores das ofensas.

“Essas manifestações são absolutamente inadmissíveis e vão de encontro aos valores democráticos e humanistas, historicamente defendidos por nossas instituições. Diante disso, as entidades signatárias comprometem-se a apurar rigorosamente o caso, garantindo a ampla defesa e o devido processo legal, e a responsabilizar os envolvidos de maneira justa e exemplar”, diz a nota.

Leia a nota conjunta das faculdades de Direito na íntegra:

As Diretorias das Faculdades de Direito da USP e da PUC-SP e os Centros Acadêmicos XI de Agosto e 22 de Agosto das duas instituições vêm a público manifestar repúdio aos lamentáveis episódios ocorridos nos Jogos Jurídicos de 2024. Durante o evento, um grupo de alunos da Faculdade de Direito da PUC-SP proferiu manifestações preconceituosas contra estudantes da Faculdade de Direito da USP, utilizando o termo “cotistas” de forma pejorativa.
 
Essas manifestações são absolutamente inadmissíveis e vão de encontro aos valores democráticos e humanistas, historicamente defendidos por nossas instituições. Diante disso, as entidades signatárias comprometem-se a apurar rigorosamente o caso, garantindo a ampla defesa e o devido processo legal, e a responsabilizar os envolvidos de maneira justa e exemplar.

Reconhecemos que a segregação social ainda é um desafio no Brasil, mas entendemos que o ambiente universitário deve atuar como um espaço de reparação e transformação. Incidentes como este reforçam a urgência de combatermos todas as formas de hostilidade no meio acadêmico.
Festas e jogos universitários devem ser momentos de integração, congraçamento e solidariedade, não de ódio, violência e intolerância, como não raramente se vê. A luta pela superação de uma cultura de violência nesses espaços depende do engajamento de todos e todas.

Além da responsabilização dos envolvidos, é indispensável avançarmos na direção de políticas preventivas e de acolhimento. Planejamos implementar protocolos que fortaleçam ouvidorias, promovam a prevenção e a educação antirracista e assegurem um ambiente inclusivo e respeitoso para todos os alunos e alunas. Essa é uma demanda frequente da comunidade acadêmica, que exige ações concretas e eficazes.

Estamos determinados a transformar este episódio em um marco para o fortalecimento de uma cultura de respeito, equidade e inclusão em nossas instituições.
 
As Diretorias das Faculdades de Direito da USP e da PUC-SP e os Centros Acadêmicos XI de Agosto e 22 de Agosto das duas instituições vêm a público manifestar repúdio aos lamentáveis episódios ocorridos nos Jogos Jurídicos de 2024. Durante o evento, um grupo de alunos da Faculdade de Direito da PUC-SP proferiu manifestações preconceituosas contra estudantes da Faculdade de Direito da USP, utilizando o termo “cotistas” de forma pejorativa.

Essas manifestações são absolutamente inadmissíveis e vão de encontro aos valores democráticos e humanistas, historicamente defendidos por nossas instituições. Diante disso, as entidades signatárias comprometem-se a apurar rigorosamente o caso, garantindo a ampla defesa e o devido processo legal, e a responsabilizar os envolvidos de maneira justa e exemplar.

Reconhecemos que a segregação social ainda é um desafio no Brasil, mas entendemos que o ambiente universitário deve atuar como um espaço de reparação e transformação. Incidentes como este reforçam a urgência de combatermos todas as formas de hostilidade no meio acadêmico.

Festas e jogos universitários devem ser momentos de integração, congraçamento e solidariedade, não de ódio, violência e intolerância, como não raramente se vê. A luta pela superação de uma cultura de violência nesses espaços depende do engajamento de todos e todas.
 
Além da responsabilização dos envolvidos, é indispensável avançarmos na direção de políticas preventivas e de acolhimento. Planejamos implementar protocolos que fortaleçam ouvidorias, promovam a prevenção e a educação antirracista e assegurem um ambiente inclusivo e respeitoso para todos os alunos e alunas. Essa é uma demanda frequente da comunidade acadêmica, que exige ações concretas e eficazes.

Estamos determinados a transformar este episódio em um marco para o fortalecimento de uma cultura de respeito, equidade e inclusão em nossas instituições.

FACULDADE DE DIREITO DA USP, FACULDADE DE DIREITO DA PUC-SP, CENTRO ACADÊMICO XI DE AGOSTO e CENTRO ACADÊMICO 22 DE AGOSTO”

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