Por Amanda Prado
O general Mário Fernandes, preso nesta terça-feira (19), relatou em mensagens que, durante o planejamento para matar Lula, conversou com o ex-presidente Jair Bolsonaro sobre o assunto.
Fernandes, que chegou a ocupar o cargo de ministro interino do governo Bolsonaro, é considerado pela Polícia Federal como o idealizador de um plano para assassinar o ministro do STF Alexandre de Moraes, o presidente Lula e seu vice, Geraldo Alckmin.
As investigações revelaram que, em 9 de novembro de 2022, Fernandes imprimiu o projeto no Palácio do Planalto antes de se dirigir ao Palácio da Alvorada.
No dia 8 de dezembro de 2022, ele escreveu ao coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro:
“Meu amigo, antes de mais nada me desculpa estar te incomodando tanto no dia de hoje. Mas, porra, a gente não pode perder oportunidade. São duas coisas. A primeira, durante a conversa que eu tive com o presidente, ele citou que o dia 12, pela diplomação do vagabundo, não seria uma restrição, que isso pode, que qualquer ação nossa pode acontecer até 31 de dezembro e tudo.”
Durante a conversa, Fernandes revela que disse a Jair Bolsonaro: “pô, presidente, mas o quanto
antes, a gente já perdeu tantas oportunidades”.
General pediu para Cid falar com Bolsonaro
O general da reserva disse que, depois, refletindo em casa, queria pedir a Mauro Cid que ele repassasse a Bolsonaro dois aspectos que ele havia levantado sobre o tema.
“A partir da semana que vem, eu cheguei a citar isso pra ele, das duas uma, ou os movimentos de manifestação na rua, ou eles vão esmaecer ou vão recrudescer.
(…) O segundo ponto é o seguinte: eu estou tentando agir diretamente junto às forças, mas, pô, se tu pudesse pedir para o presidente ou para o gabinete do presidente atuar”, escreveu o general, explicando que tem procurado orientar “tanto o pessoal do agro como os caminhoneiros que estão lá em frente ao QG”.
“Os caras não podem agir, é área militar, mas já andou havendo prisão realizada ali pela Polícia Federal. Então isso seria importante, se o presidente pudesse dar um input ali para o Ministério da Justiça para segurar a PF ou para a Defesa alertar o CMP, e, porra, não deixa. (…) Então, atento a isso, conversa com o presidente, cara. Um grande abraço, força!”, encerrou.
As informações estão na representação feita pela Polícia Federal ao Supremo Tribunal Federal (STF) com as investigações do plano golpista e o pedido de prisão de Mário Fernandes e outros suspeitos.
General atuou em gabinete de Pazuello (PL-RJ)
General da reserva, Mário Fernandes atuou no gabinete do deputado federal e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello (PL-RJ) de 2023 a março de 2024. Também foi chefe substituto da Secretaria Geral da Presidência no governo de Jair Bolsonaro (PL) entre outubro de 2020 a janeiro de 2023.
O plano, que recebeu o nome de “Punhal Verde e Amarelo”, incluía o uso de metralhadoras, explosivos e até envenenamento. A operação da PF, que teve autorização de Moraes, focou em Fernandes, em um policial federal e militares com experiência em forças especiais, suspeitos de fazer parte da organização criminosa que planejava um golpe de Estado em 2022.
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