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Reeleitos em outubro, os governadores do Amazonas, Acre e Rondônia vão à COP 27 (Conferência das Partes sobre o Clima). Os três bolsonaristas apresentam plataformas de flexibilização da fiscalização e do licenciamento ambiental e de incentivo à produção na região, em alinhamento à política do governo Jair Bolsonaro, adotada ao longo dos quatro anos de mandato. No entanto, os três governadores vão à conferência do clima da ONU atrás de recursos internacionais atrelados à redução de desmatamento e de emissões de carbono, apesar da imensa devastação da região durante o governo Bolsonaro.

Diante da incoerência entre prática e objetivo na COP 27, os governadores dos três estados da região, chamada de Amacro (Amazônia, Acre, Rondônia), buscam um realinhamento. A tentativa de aproximação com o presidente eleito se dará na própria COP 27. Convidado pela conferência, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, deve estar presente no Egito a partir do próximo dia 14. No mesmo dia, governadores de toda a Amazônia Legal devem dar uma entrevista coletiva para detalhar os planos das administrações locais para a região.

Os três governadores entregarão a Lula um detalhamento dos planos, conforme previsto. O governador reeleito do Pará, Helder Barbalho (MDB), vem buscando protagonismo no movimento dos governadores da Amazônia em direção ao presidente eleito, até pelo alinhamento com o petista desde a eleição.

O movimento inclui governadores que estiveram ao lado de Bolsonaro desde o início da gestão do atual presidente —que foi o mais votado, por exemplo, no Acre e em Rondônia, com mais de 70% dos votos válidos no segundo turno. O entendimento é que os estados dependem de recursos e de políticas do governo federal, o que obrigaria o alinhamento a Lula.

Tanto o governador reeleito do Acre, Gladson Cameli (PP), quanto o de Rondônia, Marcos Rocha (União Brasil), vão ao Egito para a COP 27. O governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), decidiu não ir e será representado pelo secretário de Meio Ambiente, Eduardo Taveira.

Os três  governadores na COP 27 representarão o aumento expressivo de  desmatamento da Amazônia nos últimos três anos

COP 27, ONU, informe global da ONU

Crédito: Envato

Nos últimos três anos, o desmatamento da Amazônia nesses três estados teve um aumento expressivo. No Acre, a devastação foi de 2.259 km2 de 2019 a 2021, mais do que o dobro do que o registrado nos três anos anteriores, segundo dados oficiais do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Em Rondônia, em três anos, foram 4.358 km2, um aumento de 18%. E no Amazonas, especialmente no sul do estado, o desmate foi de 5.140 km2 em três anos, aumento de 67,7%.

Pará e Mato Grosso seguem liderando os índices de desmatamento, levando em conta os dados oficiais de 2019 a 2021, mas passaram a ser seguidos mais de perto por Amazonas, Rondônia e Acre.

Questionado se concorda com a promessa de Lula de dar fim a garimpos em terras indígenas, zerar o desmatamento na Amazônia e reaproveitar áreas já abertas para a pecuária, o governador do Acre afirmou para a reportagem da Folha de S. Paulo ser “favorável a uma política de diálogo aberta, ampla e plena entre os governos estadual, federal e a população”. O governador disse que o Acre teve bons resultados, aumentando o rebanho e utilizando apenas as áreas já disponíveis, sem desmatar para isso.

O governo do Amazonas vai buscar financiamentos internacionais para atividades de baixo carbono até por uma questão de justiça climática, segundo o secretário Taveira. A intenção dele é intensificar as relações bilaterais com Alemanha e Noruega, países financiadores do Fundo Amazônia, congelado no governo Bolsonaro. Um sistema de mercado de crédito de carbono no estado será lançado durante a COP 27. O governo local planeja prosseguir com “diminuição de burocracias” em licenciamentos ambientais, o que inclui atividades de baixo carbono.

Segundo o governador do Amazonas, o que ocorre no sul do estado, com explosão de áreas desmatadas e degradadas, tem relação principalmente com áreas federais, e não com áreas estaduais. O governador admite ausência do Estado e da fiscalização amplia a ocupação ilegal da terra, com avanço de grileiros.

Redação ICL Economia
Com informações da Folha de S. Paulo

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