ICL Notícias
Economia

Preço da gasolina gera tensão entre governo e Petrobras; acionistas querem novo aumento

Bolsonaro apenas tenta se isentar de qualquer culpa sobre a alta de preços pensando na eleição, mas política não é alterada.
18/05/2022 | 16h58

O preço da gasolina, congelado há mais de dois meses (o último aumento foi em 11 de março, o 13º desde janeiro de 2021 ), tornou-se motivo de tensão entre a direção da Petrobras e o governo. Isso porque os acionistas alegam estarem sendo lesados pelo demora de novos reajustes pela estatal, o que impacta nos resultados de suas ações.

Segundo cálculos da Abicom, associação que reúne pequenos e médios importadores de combustíveis, a defasagem entre os preços da gasolina no mercado interno em relação ao mercado internacional chega a 20%

De um outro lado, está o presidente Jair Bolsonaro, que em ano eleitoral não quer mais aumentos para não prejudicar seu projeto de reeleição. Ele já recorreu a constantes demissões na estatal para marcar seu descontentamento com o preço dos combustíveis, Foi o caso do então presidente da Petrobrás, Joaquim Silva e Luna, que pouco tempo depois de anunciar o último aumento gasolina (18,7%), em março, foi demitido por Bolsonaro.

Os noticiários especulam que José Mauro Ferreira Coelho, empossado presidente da Petrobras no último mês, já sofre pressão e pode deixar o cargo. No domingo (15) quando perguntado sobre a permanência de Coelho à frente da empresa, Bolsonaro não bancou o nome e disse: “pergunta pro Adolfo Sachsida. Ele é o ministro das Minas e Energia”.

Acionistas pressionam pelo aumento do preço da gasolina

A Petrobras acumulou lucro líquido de R$ 44,5 bilhões  no primeiro trimestre, mas mesmo assim os acionistas se sentem lesados pela demora dos reajustes pela empresa e querem a execução do PPI – Preço de Paridade de Importação, prática adotada pela estatal desde 2006 e que aumenta os preços dos combustíveis no Brasil de acordo com a cotação do petróleo no mercado mundial.

O especialista em energia e professor do Instituto de Energia da PUC-Rio, Edmar Almeida, afirma que a Petrobras pode ser questionada na Justiça pelos seus acionistas caso não efetue a equiparação do preço da gasolina, principalmente se houver a suspeita de interferência por parte do governo.

PPI poderia ser abolida

Especialistas do setor energético afirmam que a PPI pode ser abolida por decisão do conselho do Petrobras e que, no caso, caberia uma decisão de política econômica do governo Bolsonaro, uma vez que o governo tem maioria na instância decisória –seis membros dos 11 totais.

No entanto, o presidente Bolsonaro nunca demandou que uma nova política de preços fosse debatida pelos administradores da estatal. Muito pelo contrário: ele anuncia mudanças para tentar se isentar de qualquer culpa sobre a alta de preços pensando na eleição, mas a PPI não é alterada.

O economista Eric Gil Dantas, do Observatório Social da Petrobras (OSP), afirma que mudanças promovidas por Bolsonaro no Ministério de Minas e Energia (MME) e na Petrobras em nada afetam o PPI. “No MME foi nomeado um ultraliberal que já quis anunciar estudos sobre a privatização da Petrobras. E o Mauro Coelho é também um defensor da política de preços”, afirmou. “Ambos não têm intenção alguma em modificar nada que atacasse os preços dos combustíveis.”

Redação ICL Economia
Com informações das agências

Deixe um comentário

Mais Lidas

Assine nossa newsletter
Receba nossos informativos diretamente em seu e-mail