No dia 7 de outubro, testemunhamos um ato terrorista contra Israel perpetrado pelo grupo armado Hamas, que também funciona como uma forma convencional de organização civil na sociedade que administram. A retaliação do Estado sionista de Israel, liderado por Benjamin Netanyahu, foi tão assimétrica e desproporcional que, segundo a própria ONU, representa um verdadeiro genocídio do povo palestino na Faixa de Gaza, resultando na morte de milhares de crianças inocentes, civis e na destruição de grande parte das residências. Isso resultou na criação de um Estado terrorista.
Há uma onda global de fundamentalismo associada ao terrorismo e, em sua forma extrema, ao genocídio. Comecemos com o fundamentalismo. O fundamentalismo não é uma doutrina, mas uma visão excludente da doutrina. O fundamentalista está absolutamente convencido de que sua doutrina é a única verdadeira, e todas as outras são falsas. Não reconhecendo direitos, elas podem e devem ser combatidas. Quando alguém se considera portador de uma verdade absoluta, não pode tolerar outra verdade e seu destino é a intolerância, que degenera em desprezo pelo outro, agressividade e eventualmente guerra.
Isso ocorre com parte do judaísmo, chamado sionismo, que busca um Estado exclusivamente judaico. Este movimento afirma que a terra da Palestina foi entregue por Deus aos judeus, conferindo-lhes o direito a um Estado exclusivo. Em função disso, ocupam terras da Cisjordânia, expulsam seus habitantes árabes, tomando-lhes as casas e tudo o que está dentro. O sonho do sionismo-raiz é criar um estado judaico do tamanho da época do rei Davi. Parte dos palestinos e árabes da região consideram seu direito secular e recusam reconhecer Israel como Estado, por considerá-lo usurpador.
Quais são as características do terrorismo? A singularidade do terrorismo consiste na ocupação das mentes. Nas guerras, não bastam os bombardeios aéreos, como vemos nos centenas de ataques aéreos israelenses. É necessário ocupar o espaço físico para efetivamente impor-se. Isso foi evidenciado no Afeganistão, no Iraque e agora na Faixa de Gaza por parte do exército israelense. No terrorismo, basta ocupar as mentes com ameaças que produzem medo, internalizado na população e no governo.
Os norte-americanos ocuparam fisicamente o Afeganistão dos talibãs e o Iraque de Saddam Hussein. No entanto, a Al-Qaeda ocupou psicologicamente as mentes dos norte-americanos. Osama Bin Laden, ainda vivo na época, proclamou em 8 de outubro de 2001: “A partir de agora, os EUA nunca mais terão segurança, nunca mais terão paz”.
Para dominar as mentes pelo medo, o terrorismo segue a seguinte estratégia:
1 – Os atos têm de ser espetaculares; caso contrário, não causam comoção generalizada.
2 – Apesar de odiados, devem provocar estupefação pela sagacidade empregada.
3 – Devem sugerir que foram minuciosamente preparados.
4 – Devem ser imprevistos para darem a impressão de serem incontroláveis.
5 – Devem ficar no anonimato dos autores (usar máscaras) porque quanto mais suspeitos, maior o medo.
6 – Devem provocar medo permanente.
7 – Devem distorcer a percepção da realidade: qualquer coisa diferente pode configurar o terror. Um árabe num avião, facilmente, é visto como terrorista, acionando as autoridades. Depois, verifica-se que era um simples cidadão.
Formalizando, o terrorismo é toda violência espetacular praticada com o propósito de ocupar as mentes com medo e pavor. Além da violência, o que se busca é seu caráter espetacular, capaz de dominar as mentes de todos. Em geral, o terrorismo é a guerra dos fracos, dos sempre dominados e humilhados. No limite, como atualmente na Faixa de Gaza, não lhes resta outra alternativa senão resistir e cometer atos de violência. A resiliência possui seus limites.
Temos receio de que, após a violência genocida de Israel na Faixa de Gaza, ceifando tantas vítimas inocentes, especialmente milhares de crianças, mulheres e civis, ocorram pelo mundo atos de terror contra os judeus ou mesmo surja um antissemitismo, que não deve ser confundido com o sionismo-raiz.
Que Deus nos livre deste horror que suscita o espírito de vingança e a espiral da violência assassina. Dada a virulência que os países militaristas aplicam àqueles que se opõem a eles, bem representados pelos estadunidenses, tememos que o terrorismo se transforme numa manifestação em muitos países dominados. Ele não nasce em si. É uma explosão de dominação e humilhação tão desvairada (violência primeira) que não veem outra alternativa senão se rebelar, alguns se tornarem homens-bomba e praticarem atos de terror (violência segunda).
A resposta dos países dominadores é revidar de forma ainda mais violenta, travando guerras híbridas e absolutamente assimétricas com as armas mais modernas, matando indiscriminadamente pessoas, destruindo casas e cometendo verdadeiros genocídios, no sentido de assassinarem crianças e idosos que nada têm a ver com a guerra, e destruindo templos, hospitais, escolas e centros de cultura. Não é mais uma guerra do forte contra o fraco, mas crimes de guerra e verdadeiro genocídio por parte do forte.
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