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Amazônia tem 1 milhão pessoas ‘sem luz’, apesar de gerar 26% da energia elétrica do Brasil

Uma questão em aberto: empresas privadas terão interesse de levar os serviços de energia elétrica aos lugares mais longínquos do país?
03/06/2022 | 13h00

A região da Amazônia, por meio de suas usinas hidrelétricas, gera 26% da energia elétrica consumida no Brasil, no entanto, tem 1 milhão de pessoas sem acesso à prestação do serviço. O fornecimento, em muitos municípios da Amazônia Legal, é por meio de geradores que garantem ‘luz’ por apenas algumas horas do dia. Os dados são do estudo do Climate Policy Initiative (CPI), organização focada em políticas ambientais e mudança climática, e foram apresentados em reportagem da BBC.

De acordo com as informações, outros 3 milhões de habitantes da região precisam ser abastecidos por usinas termelétricas a óleo diesel, porque estão fora do Sistema Interligado Nacional (SIN), que coordena e controla a produção e transmissão de energia elétrica e conecta usinas e consumidores.

A coordenadora de avaliação de política pública do CPI, Amanda Schutze, disse à BBC que o SIN apresenta, na Amazônia Legal, uma “grave distorção” na qual populações que vivem próximas de usinas hidrelétricas da região “não estão usufruindo dessa geração de energia, mas sim pessoas, como nós, no Sudeste”. E ainda questionou: “como essa população sem acesso à eletricidade pode acessar programas educacionais ou cursos online para, por exemplo, se informar sobre o melhor uso da terra para algum fim, para aprender a explorar a terra de forma sustentável? Como tudo isso é possível sem acesso à energia?”.

Segundo o IBGE, a Amazônia Legal corresponde a cerca de 58,9% do território brasileiro e engloba 772 cidades em nove estados: Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.

Privatização da Eletrobras e a extinção de programas sociais

Uma questão que permeia esse problema na Amazônia é a privatização da Eletrobras, que está em andamento acelerado pelo atual governo: as empresas privadas terão interesse de levar os serviços de energia elétrica a esses lugares mais longínquos do país que certamente envolverá um alto custo?

Certamente não, respondem analistas do setor elétrico. A própria Eletrobras, por ser uma estatal e, por isso mesmo, tem uma função social, não conseguiu ainda suprir toda a necessidade da população, apesar de em governos anteriores ter sido criado o programa “Luz Para Todos” (hoje “Mais Luz para Amazônia”), que levou a energia elétrica a cerca de 3 milhões de famílias.

Documento da Associação dos Empregados da Eletrobras (AEEL), divulgado recentemente, relaciona 60 motivos pelos quais a privatização da Eletrobras não deve ser realizada, entre eles estão o fato de que “vivemos num país com enormes disparidades socioeconômicas inter e intrarregionais. A capilaridade do Sistema Eletrobras continua sendo fundamental para todas as regiões do país”; e que “a Eletrobras é vital para levar energia nos locais mais ermos do país, seja no interior do Nordeste ou para populações ribeirinhas da Amazônia Legal”.

Prazo para investir em ações da Eletrobras com o FGTS começa hoje (3)

Com a previsão de leilão da Eletrobras para o próximo dia 13 de junho, foi iniciado nesta sexta-feira (3) o prazo para que cerca de 40 milhões de trabalhadores com no FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) possam investir na compra de ações da empresa.

O valor mínimo para a aplicação é de R$ 200,00, sendo possível utilizar até 50% do saldo disponível na conta do FGTS. A compra será por meio dos FMP-FGTS (Fundos Mútuos de Privatização), como já foi feito anteriormente nas vendas de ações da Petrobras e da Vale.

A reserva do saldo que será aplicado deverá ser feita por meio de uma corretora ou de um banco escolhido e autorizado pelo trabalhador.

O investimento terá um prazo mínimo de 12 meses. Ou seja, quem optar pela aquisição deve manter as ações por no mínimo 12 meses. Depois, o valor da negociação volta para o saldo do FGTS. A orientação é fazer o investimento visando o longo prazo.

No ICL Notícias desta sexta (3), o economista e sócio-fundador do ICL, Eduardo Moreira, falou sobre essa oferta de ações. “A gente está dando a Eletrobras de mão beijada, então, como se consegue convencer a opinião pública disso? Como se conquista essa turma toda que vai pagar mais caro pela conta de luz a ser favorável à privatização?”, questionou Moreira.

Segundo ele, a estratégia são as mensagens em massa que bancos e corretoras, com apoio da grande mídia, estão enviando para seus clientes oferecendo ações da Eletrobras como um “grande negócio”. “Essas ações vão ser emitidas com valor um pouco abaixo do considerado justo para subir até uns 20%. Não será possível investir grandes valores, então, por ganhos de R$100,00, R$200,00, a classe média vai apoiar a privatização. (…) Isso é vender a opinião sobre o futuro do país por R$100,00 ”.

Redação ICL Economia
Com informações da BBC e demais agências

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