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Produção industrial registra crescimento de 0,6% em julho, mas acumula perda de 2,0% no ano e ainda não se recuperou dos prejuízos da pandemia

Para a economista do ICL Deborah Magagna, "apesar de julho ter apontado um avanço na produção industrial, os acumulados ainda são negativos"
02/09/2022 | 14h45

A produção industrial subiu 0,6% no mês de julho, depois de um recuo de 0,3% em junho frente a maio. Apesar do resultado positivo no mês, o segmento aponta resultado negativo de 2,0% no ano de 2022, conforme dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), nesta sexta-feira (2). Contribuíram para a melhora os setores de alimentos, combustíveis e indústria extrativa.

Quando comparamos o resultado a julho de 2021, o resultado também fica no negativo, em 0,5%, e no acumulado de 12 meses, -3,0%.

De modo geral, a produção industrial ainda não recuperou o desempenho pré-pandemia de Covid-19 (fevereiro de 2020), permanecendo 0,8% abaixo daquele patamar e, também, 17,3% inferior ao recorde alcançado em maio de 2011.

Dentre as atividades de maior influência para o resultado positivo está o setor de alimentos, que teve alta de 4,3% no período frente ao mês anterior. É o terceiro mês seguido de avanço na produção desse segmento, que registra ganho acumulado de 7,3%.

Nos grandes grupos, as altas vieram de bens intermediários (+2,2%) e bens de consumo semi e não duráveis (+1,6%), e com isso a primeira eliminou a perda de 2,2% acumulada em maio e junho e a segunda voltou a crescer após recuar 0,9% no mês anterior.

Na opinião de André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE, o resultado mostra que o segmento da indústria está recuperando fôlego, mas ainda não recuperou prejuízos anteriores. “O setor industrial, ao longo do ano de 2022, vem mostrando uma maior frequência de resultados positivos. São cinco meses de crescimento em sete oportunidades. Nesses resultados, observa-se a influência das medidas governamentais de estímulo e que ajudam a explicar a melhora registrada no ritmo da produção. Mas vale destacar que, ainda assim, a produção industrial não recuperou as perdas do passado”, explica o gerente da Pesquisa, André Macedo.

Já a economista do ICL Deborah Magagna acredita que os dados devem ser olhados nos pormenores. Em sua participação na edição do ICL Notícias desta manhã, programa diário no YouTube, a economista disse que, “apesar de julho ter apontado um avanço na produção industrial, os acumulados ainda são negativos. Este ano tem sido bastante difícil para a indústria”.

Deborah ainda destacou dois pontos em sua análise: “Quando olhamos as grandes categorias da produção industrial, vemos que dois grupos caíram bastante no mês analisado, e são grupos que vêm com quedas acumuladas também. São os grupos de bens de capital, que é justamente aquele que produz maquinário, ou seja, aquilo que vai aumentar a capacidade produtiva no país; e o de bens duráveis, que são bens mais caros”, pontuou.

O segmento de bens de consumo duráveis apontou queda de 7,8% em julho ante junho e o de bens de capital, de 3,7%, com o primeiro interrompendo dois meses de alta (quando acumulou forte avanço de 10,2%) e o segunda intensificando a queda de 1,9% registrada em junho.

Entre os 16 ramos que tiveram queda na produção industrial, as maiores pressões negativas vieram de máquinas e equipamentos (-10,4%), outros produtos químicos (-9,0%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (-5,7%).

Assim como “pibinho” de 1,2% no trimestre, crescimento da produção industrial ocorre em marcha lenta

Ontem (1º), o mesmo IBGE divulgou que o PIB (Produto Interno Bruto) do país cresceu 1,2% no segundo trimestre, comparado ao trimestre anterior. No ano, o PIB acumula alta de 2,5%. O crescimento tem sido utilizado como instrumento de campanha pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que disse, em um evento a empreendedores no Rio de Janeiro ontem, que “o Brasil está voando, está seguro, está firme”.

Como bem lembrou a economista Deborah Magagna no ICL Notícias de hoje, quando a ex-presidenta Dilma Rousseff encerrou o seu primeiro mandato, em 2014, foi criticada pelos quatro anos de “pibinho”, que ficou no máximo em 2,7% em seu primeiro ano de governo.

Agora, cada feito do governo Bolsonaro é anunciado com toda a pomba e circunstância, com um otimismo exagerado a ser utilizado como estratégia para impulsionar o nome do presidente Jair Bolsonaro nas pesquisas eleitorais.

O mesmo se dá agora com os dados da produção industrial. A recuperação, embora esteja acontecendo, ocorre de forma lenta. Contribuíram positivamente para o resultado as indústrias de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (2,0%) e indústrias extrativas (2,1%). A primeira voltou a crescer após recuar 1,3% no mês anterior; e a segunda acumula expansão de 5,0% em dois meses consecutivos de taxas positivas.

Por sua vez, no campo negativo também se destacaram os segmentos de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-22,0%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-7,8%), produtos de metal (-3,9%), couro, artigos para viagem e calçados (-5,6%), de produtos de madeira (-7,2%) e confecção de artigos do vestuário e acessórios (-4,1%).

Mas o próprio gerente da pesquisa, André Macedo, salienta que, no resultado desse mês, há uma predominância de atividades no campo negativo. Somente dez ramos industriais mostraram crescimento e 16 assinalaram queda. “É um crescimento que se dá de uma forma muito concentrada nesse mês de julho”, diz.

O resultado ficou levemente abaixo do esperado, pois o consenso Refinitiv projetava alta de 0,7% na comparação com junho, na série com ajuste sazonal, e queda de 0,3% ante julho de 2021.

Redação ICL Economia
Com informações da Agência de Notícias do IBGE

 

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