O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad vai representar o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no almoço da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), que acontece nesta sexta-feira (25). Cotado para assumir a pasta da Economia no novo governo, o mercado recebeu bem a possível dobradinha dele na pasta com Pérsio Arida, ex-presidente do Banco Central e que integra a equipe de transição de Lula. O almoço de hoje com os banqueiros será uma espécie de teste de Haddad como candidato a ministro da Economia.
No pregão de ontem (24), o Ibovespa fechou em alta de 2,75%, a 111.831 pontos. O dia foi de poucos negócios por conta do feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos e, também, pela estreia da seleção brasileira na Copa do Mundo do Catar. Mas, segundo analistas, o mercado recebeu com bastante otimismo a notícia de que Haddad poderá participar da equipe econômica do novo governo ao lado de Arida.
Em licença médica devido a uma cirurgia recente, Lula tem sido bastante cobrado pelo mercado para definir logo o nome que comandará a Economia. O almoço organizado anualmente pela Febraban deve reunir cerca de 350 convidados, incluindo representantes dos comitês executivos dos bancos e autoridades. No encontro, haverá uma apresentação sobre a atual conjuntura econômica feita pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Além disso, aliados do próprio governo eleito, como o senador petista Jaques Wagner, avaliam que a falta de um nome para a pasta tem atravancado as negociações em torno da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Transição, que deixa fora do teto de gastos no Orçamento de 2023 programas sociais, como o Bolsa Família, permitindo, desse modo, que Lula cumpra a sua promessa de campanha de manter o valor do benefício em R$ 600. A negociação entre equipe de transição e parlamentares está emperrada em relação ao limite valor extra e ao período de validade da flexibilização.
No almoço da Febraban, Haddad poderá quebrar a resistência de parte do mercado à sua indicação para a Economia
Haddad é formado em direito pela Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo), com mestrado e doutorado nas áreas de economia e filosofia. É professor universitário e foi candidato derrotado ao governo do estado de São Paulo na última eleição. Apesar das credenciais, ele sofre resistência de parte do mercado financeiro.
De acordo com reportagem da Folha de S.Paulo, interlocutores de Haddad vêm intensificando conversas com bancos e corretoras, argumentando que o ex-ministro da Educação do governo Lula tem a previsibilidade como qualidade, o que seria positivo para aparar arestas e acalmar o mercado.
Segundo o jornal, nos bastidores há quem compare o perfil de Haddad ao do ex-ministro Antonio Palocci no primeiro governo Lula, reconhecido por manter uma equipe com perfil bastante técnico, o que foi muito bem aceito pelo mercado à época. O perfil, portanto, seria muito diferente ao do sucessor de Palocci, Guido Mantega, que sofre forte rejeição do empresariado e já deixou a equipe de transição do governo eleito.
Apesar de derrotado para o Palácio dos Bandeirantes, o petista teve um desempenho considerado surpreendente, saindo da eleição com capital político e a quase garantia de ocupar uma função de destaque no terceiro governo Lula. Além da pasta da Economia, ele também é cotado para liderar o Itamaraty ou mesmo o Ministério do Planejamento.
Redação ICL Economia
Com informações da Folha de S.Paulo
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